Muito já foi dito, tanto pela equipe do filme como pela mídia, que o filme
"A Busca" busca um estilo de filme intermediário na cinematografia nacional, nem as comédias escrachadas produzidas pela Globo Filmes nem os filmes cabeça que sempre foram a tônica do cinema nacional. A verdade é que a produção possui de fato roteiro palatável, bem escrito, mas sem concessões. O início, por exemplo, quando um pai e uma mãe divorciados são obrigados a lidar com o desaparecimento do filho adolescente, é pesadíssimo, e demonstra logo de cara o talento de Luciano Moura ("O Corpo") na direção. Road movie, a história parte para a busca de um pai pelo seu filho, por meandros do Brasil do interior. A busca não é somente física, mas também uma busca de conhecimento do outro. Além do roteiro e direção competentes, o elenco conta com um dos maiores astros do cinema nacional, Wagner Moura, em grande papel e interpretação. Segundo o ator em
entrevista ao G1, "é bonita essa premissa do filme, porque o pai vai olhando para o menino e vendo quem ele é pela ausência dele”. O final ainda conta com bonita participação de Lima Duarte, mas é certo que apesar dos aspectos positivos, o filme fica mesmo no intermediário da cinematografia nacional.
Cotação: * * * *
Inspirado no romance de Leon Tolstói e dirigido pelo mesmo Joe Wright de "Desejo e Reparação",
"Anna Karenina" é um filme de excessos. O espectador goste ou não desses excessos (e certamente de início causa estranheza), principalmente nos movimentos de câmera e na direção de arte e figurinos suntuosos (figurino ganhador do Oscar), é certo que o filme tem uma ousadia na sua forma de realização, muito bem-vinda em dias que o cinema opta sempre por repetir as mesmas fórmulas. A película em sua maior parte é realizada dentro de um teatro, que simula as localidades (até mesmo as externas) de Moscou e São Petersburgo. Uma estação de trem, por exemplo, foi recriada no topo do teatro e a fluidez que o filme traz entre os cenários acontece debaixo do palco ou nas coxias. Ou seja, todo o espaço do teatro é usado para criar a Rússia de Anna Karenina. O fato de toda a ação se passar em um teatro também representa a encenação da sociedade russa da época retratada pela história, que acaba atingindo a vida da protagonista (Keira Knightley, também de "Desejo e Reparação", estranha mas talentosa como sempre), que vive um relacionamento extra-conjugal mas é condenada pela sociedade russa. E também não deixa de ser representativo que o filme saia do espaço teatral apenas quando o personagem Levin (Domhnall Gleeson) vai para o campo, adotando uma abordagem cara à literatura: a oposição campo e cidade. Apesar de toda a ousadia e inventividade dessa proposta de realização em um cenário (que lembra algumas obras de Frederico Fellini, como "E la Nave Va"), e da realização brilhante dos cenários, figurinos e fotografia, o roteiro deixa um pouco a desejar, carecendo de maior contundência e alguns momentos a história fica enfadonha. O filme ainda conta com um hipnótico Aaron Taylor-Johnson (Kick-Ass) e um envelhecido Jude Law (Closer).
Cotação: * * * *
A ação também se passa na Rússia, mas não poderia ser mais diferente de "Anna Karenina". Embora
"Duro de Matar - Um Bom Dia para Morrer" tenha sido filmado em locações em Moscou, na Rússia, e até em Chernobyl, o filme é bem mais fantasioso do que a Rússia teatral de "Anna Karenina". Mas o que esperar da série Duro de Matar, não é? Quanto mais mentiras, melhor, e o novo filme de Bruce Willis abusa delas, em cenas que desafiam a verossimilhança. Bruce Willis continua muito bem como herói de filmes de ação, embora no início sua participação seja um pouco irritante e atrapalhada. Dessa vez acompanhado de Jai Courtney (da série Spartacus), que interpreta seu filho e garante os músculos e a juventude importantes a um filme de ação. Uma cena de perseguição, logo no início do filme, impressiona pela quantidade de carros destruídos, mas as sequências de destruição pela cidade de Moscou continuam. Enfim, desde que você embarque na proposta do filme, pode gostar das novas aventuras de John McClane.
Cotação: * * *
Demorei para assistir esse
"João e Maria - Caçadores de Bruxas" e na verdade só fui conferir pois estava com ingresso promocional no dia que fui assistir. A nova onda do cinema norte-americano agora parecem ser os filmes baseados em conto de fadas, e esse é inspirado na história de João e Maria. Sinceramente, nem imaginava como esse conto pudesse virar uma adaptação cinematográfica interessante. E quando as expectactivas são menores, as impressões costumam ser melhores. E o filme me surpreendeu positivamente, atendendo minhas necessidades quando vou assistir a um filme desses. Gostei da ambientação da história, em uma dessas vilas pequenas e antigas que ficam no meio da floresta, coisa típica de conto de fadas e/ou histórias de terror. Os efeitos visuais e as cenas de ação também são bem realizadas e envolventes. O elenco também está ótimo, composto por Jeremy Renner ("Guerra ao Terror"), Gemma Arterton ("Fúria de Titãs", que tem um misto de sensualidade e ar juvenil perfeitos para o papel) e Famke Janssen (a Jean Grey da série X-Men). Boa diversão.
Cotação: * * * 1/2