23 de mai. de 2011

Piratas do Caribe 4


Um religioso se apaixona por uma sereia
Confesso que fui assistir meio forçado esse Piratas do Caribe 4, porque não gostei muito dos outros (o último me pareceu quase insuportável). Mesmo assim, a gente acaba indo pelas companhias, mas evitei assistir em 3D, para a experiência não ser ainda mais frustrante. Apesar disso, o filme não chega a ser ruim, a sequência inicial até é bem divertida, mas o resto do filme senão decepciona, também não empolga. Aqui, os destaques (se é que pode se chamar de destaque, já que fica tudo no meio termo) ficam para as sereias, para o romance entre um padre e uma delas e para a presença de Penelope Cruz, embora em personagem apático.

Minha Cotação: * *



Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas
por Pablo Villaça
http://www.cinemaemcena.com.br/Ficha_filme.aspx?id_critica=7726&id_filme=6427&aba=critica

Jack Sparrow e seu interesse romântico, aliás
bem insosso, pois afinal é um filme da Disney
Dirigido por Rob Marshall. Com: Johnny Depp, Penélope Cruz, Geoffrey Rush, Ian McShane, Kevin McNally, Sam Claflin, Astrid Berges-Frisbey, Stephen Graham, Richard Griffiths, Judi Dench, Gemma Ward e Keith Richards.

Foi com certa surpresa que reparei, durante os créditos finais de Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas, os nomes de profissionais encarregados de treinar o elenco em “nado sincronizado” – algo que, imagino, tenha sido utilizado nas seqüências envolvendo sereias. A “surpresa” e o “imagino” da frase anterior, aliás, têm origem no fato de que esta suposta coreografia indicada nos créditos jamais é claramente observada no filme, num indício preocupante de que a direção capenga de Rob Marshall, visualmente poluída e entediante, desperdiçou até mesmo os recursos previstos pela produção.

Sugerido por um livro de Tim Powers, o roteiro da dupla Ted Elliott e Terry Rossio, responsável pela trilogia original, desta vez descarta vários dos personagens vistos anteriormente (incluindo aqueles vividos por Orlando Bloom e Keira Knightley) com o objetivo de reiniciar a franquia a partir de novas aventuras e figuras míticas. Usando como base da trama a lendária Fonte da Juventude perseguida por Ponce de León, Piratas 4 traz ingleses, espanhóis e piratas numa corrida em busca das lendárias águas rejuvenescedoras – entre estes últimos, o capitão Jack Sparrow (Depp), que, a bordo do barco comandado pelo cruel Barbanegra (McShane), lida também com a ex-amante Angelica (Cruz), que alega ser filha do vilão. Enquanto isso, o capitão Barbossa (Rush), agora no comando de uma embarcação real, mostra-se determinado não só a encontrar a Fonte, mas também Barbanegra, responsável por arrancar-lhe uma das pernas.

Embora traga personagens já bastante conhecidos do público em um universo fartamente explorado ao longo de três filmes, o roteiro de Elliott e Rossio parece determinado a empregar páginas e páginas em diálogos puramente expositivos que visam estabelecer as regras da nova história – e o excesso de exposição chega a ser comentado pelos próprios roteiristas em uma cena na qual Sparrow, depois de oferecer mais uma explicação detalhada, percebe estar falando sozinho (o que, claro, não corrige o problema, que atinge seu ápice na cena em que Barbossa conta o que houve com o Pérola Negra enquanto Marshall se limita a incluir alguns efeitos sonoros para acompanhar a fala do pirata). Além disso, provavelmente achando que a ausência de Bloom e Knigthley diminuiria o apelo romântico do projeto, o filme introduz um novo casal, o religioso Philip (Claflin) e a sereia Syrena (Berges-Frisbey), que consegue a proeza de se revelar mais aborrecido do que seus antecessores.

Aliás, chega a ser espantoso que um longa envolvendo piratas, sereias e zumbis seja tão entediante – e embora seja o exemplar mais curto da série, com cerca de 130 minutos, Piratas 4 soa como o mais longo. Igualmente chocante é perceber que, ainda que gastem tanto tempo com exposições, os roteiristas não se preocupam em explicar a origem da profecia sobre Barbanegra (que, afinal, praticamente move o filme), além de abrirem a narrativa com uma descoberta cuja natureza também é ignorada (de onde veio aquele sujeito?) e que nos apresenta aos exploradores espanhóis apenas para basicamente ignorá-los durante a maior parte da projeção. E sei que já mencionei o pastor/catequizador, mas vale repetir que, de tão aborrecido, desejei sua morte desde sua primeira aparição em cena.

Mas que chance o inexpressivo Sam Claflin tinha de tornar o personagem interessante se até mesmo o talentoso Ian McShane fracassa diante da chatice que é o Barbanegra concebido por Elliott e Rossio? E se Penélope Cruz surge bela como de hábito, este é o único elogio que pode ser feito à sua Angélica, ao passo que Geoffrey Rush, como Barbossa, ao menos consegue divertir moderadamente ao retratar os esforços do pirata para parecer civilizado em seu novo posto. O que, claro, nos traz a Johnny Depp e ao seu icônico Capitão Jack Sparrow, que, ao tornar-se o centro absoluto do projeto, apenas comprova aquilo que eu já havia apontado ao escrever sobre Piratas 3: o pirata funciona bem melhor em doses homeopáticas, tornando-se cansativo como uma piada que se ouve várias vezes em pouco espaço de tempo. Da mesma maneira, se antes os maneirismos e excentricidades de Sparrow ajudavam acompor o personagem, desta vez se revelam sua razão de ser – e mesmo que aqui e ali vislumbremos o velho anti-herói (como ao arrastar os pés ao ser carregado por oficiais ingleses), na maior parte da narrativa apenas vemos Depp no mais puro piloto automático. Como se não bastasse, até mesmo as pontas de Richard Griffiths, Judi Dench e Keith Richards são desperdiçadas – ainda que este último seja responsável pela melhor piada do roteiro.

Injustamente alçado à condição de cineasta respeitado depois de dirigir burocraticamente o bom musical Chicago e o fraco Memórias de uma Gueixa (prefiro não comentar Nine), Rob Marshall aqui escancara sua falta de competência como realizador ao transformar as seqüências de perseguição em momentos burocráticos que não conseguem nem mesmo estabelecer um ritmo apropriado. Além disso, é impressionante sua tendência de repetir aquelas que considera como sendo “boas idéias”, já que chega ao ponto de apresentar quatro personagens diferentes da mesma maneira, ocultando seus rostos até decidir revelá-los de forma “surpreendente” (leia-se: bleh) – e é igualmente ridículo que, na cena envolvendo as sereias, ele repita duas ou três vezes o mesmo movimento de câmera para mostrar as caudas submersas das criaturas depois de enfocar seus belos torsos fora da água. Para piorar, as lutas e duelos de espadas são coreografados sem a menor inventividade, ao passo que a utilização do 3D, além de não contribuir em nada com o projeto, apenas torna Piratas 4 ainda mais fraco visualmente, já que, basicamente ambientado à noite, o filme se torna excessivamente escuro e esteticamente desinteressante.

Felizmente, o design de produção da franquia mantém o padrão habitual, destacando-se na concepção do barco comandado por Barbanegra, que surge com mastros gigantescos e acinzentados e vastas velas em tons sépia. Além disso, o armário que traz navios engarrafados é uma idéia fascinante, mesmo que mal utilizada pelo filme – que, em vez de explorá-la, prefere investir em cenas tolas e descartáveis como aquela que traz Sparrow e Barbossa se equilibrando no interior de uma embarcação prestes a despencar de um barranco (o interessante é que, de acordo com o longa, se alguém segurar um objeto que já se encontrava ao seu lado, o peso será alterado, desequilibrando o barco).

Apostando em zumbis que não são realmente zumbis, sereias que não são realmente sereias e piratas que parecem mais interessados em fazer graça do que soarem ameaçadores, Piratas do Caribe 4 é uma experiência longa, chata e previsível – e Navegando em Águas com Sonífero seria um subtítulo muito mais apropriado à produção.

Observação: Como de costume, há uma cena adicional após os créditos finais.

18 de Maio de 2011

FICHA TÉCNICA

Diretor: Rob Marshall
Elenco: Johnny Depp, Penélope Cruz, Ian McShane, Astrid Berges-Frisbey, Sam Claflin, Geoffrey Rush
Produção: Jerry Bruckheimer
Roteiro: Ted Elliott, Terry Rossio
Fotografia: Dariusz Wolski
Trilha Sonora: Hans Zimmer
Duração: 141 min.
Ano: 2011
País: EUA
Gênero: Aventura
Cor: Colorido
Distribuidora: Disney
Estúdio: Walt Disney Pictures / Jerry Bruckheimer Films
Classificação: 12 anos

11 comentários:

  1. Eu adorei! É uma aventura divertida cheia de visuais incríveis. A história é daquelas que adoramos ler na infância. Gosto muito de histórias de viagens e esse filme é uma grande viagem em busca do maior tesouro possível, a juventude. Jack Sparrow está bem engraçado e a personagem da Penelope Cruz está ótima, como uma grande mulher, como poucos filmes de aventura retratam. As cenas da sereias são fantásticas. O romance do padre é, no mínimo, muito criativo, daria um filme a parte só essa história dele com a sereia. Recomendo. Não ouçam o Fábio.

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  2. Nossa, que abuso... Tá me gongando no meu próprio blog... rs.

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  3. Ainda bem que é um espaço democrático, hahaha. E eu tenho direito porque sou o leitor mais assíduo.

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  4. Fábio, olha só, descobri que você tem um blog. E blog de cinema (what a surprise!) Me tornarei leitora assídua (gosto bem mais que de facebook).
    Muito bem redigido, mas prefiro assistir antes para avaliar essa briga. Acho Jonnhy Deep um excelente ator, mas é claro que em Piratas a coisa é diferente.
    Beijos

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  5. Oi, Jussara. Que legal que vc curtiu. Passe sempre, será um prazer. Eu adoro o Depp, aliás sem ele o Piratas ficaria bem pior, né? Bjs.

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  6. Eu gostei do filme. creio que voce deve ter passado por muitas decepções pra só ver o lado ruin das coisas dessa forma, e ter um vocabulario grotescamente baixo como esse. É justamente isso que nos peculiarizam. Procura relaxar cara, um filme como esse é feito para as pessoas desopilarem. Apesar de não ter concordado com muita coisa que você escreveu, devo lhe parabenizar pois você escreve divinamente, e deve até conseguir induzir varias pessoas com o que você fala. É uma característica de pessoas forte. Seja por completo, não parcialmente, relaxe e goze.

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  7. Olá, tudo bem? Na verdade eu achei o filme um pouco fraco, mas nem reclamei muito pois deu pra "desopilar", como vc disse. Talvez você esteja se referindo a uma crítica que eu anexei, mas que não é minha, e sim de um crítico do site "Cinema em Cena" e que consta o link anexado. Mas valeu o comentário de qualquer forma. Abs.

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  8. Ola, achei o filme bem massa... mas fiquei com uma dúvida no final... a seria mata ou salva o padre??? Desde já obrigada e o seu blog está sueper legal Parabéns!!!

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  9. Olá, Heloisa. Na verdade ela leva ele para o fundo do mar, mas fica em aberto mesmo se ele vai continuar vivendo com ela lá no fundo ou vai morrer. Enfim, um final em aberto, mais poético. Abs.

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  10. Na verdade heloísa, alguém que repara bem no filme, perceberia que ele não morre. Lembra no ataque das sereias, que o cara fala que quando a sereia beija um homem, esse não se afoga?
    Lembra também, que no ataque, antes de beijar o cara a sereia ia puxá-lo, com o padre, ela beija antes, provando a minha primeira afirmação.
    Também, na hora que ela está puxando ele, ele está abraçado à ela, e não esperneando, e de olhos abertos.

    Ela salva o padre.

    Fabio, a saída da Elizabeth e do Will melhorou o filme, eles só atrapalhavam. O filme ficou muito legal cara, não é apenas porque eu gosto do filme e tals, mais ficou muito massa mesmo, não vi ninguém no cinema lotado saindo no meio do filme nas duas vezes que fui. ( Uma tive que acompanhar meu irmão menor)


    Claro que você tem a sua opinião e eu tenho a minha tals, mais a maioria achou igual o Luiz Guilherme, um filme mais criativo e sem aquela pessoa que fica toda hora tentando ser o salvador da pátria(will). A Penélope realmente fez seu papel muito bem feito, igualmente a Astrid Bergès-Fribey...

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