Quanto menos eu souber de um filme, antes de assistí-lo, melhor. No caso de "Reencontrando a Felicidade", essa teoria se comprovou perfeitamente. O roteiro faz questão de apresentar algumas questões de forma gradativa. O que aconteceu com o casal? Quem é o jovem que a protagonista persegue? As perguntas são respondidas gradualmente, efeito que é perdido se você entrar no cinema já sabendo de toda a história.
Mas o filme vai além desse truque de roteiro. Conta com direção sensível e interpretações inspiradas, com destaque logicamente para Nicole Kidman, que recebeu uma indicação ao Oscar por esse filme. Ela está ótima, realmente. No entanto, colabora estar num filme bem construído, com personagens complexos e bem desenvolvidos que, em vários momentos, explora o assunto sob diferentes aspectos. Um filme que vale pelo elenco, pelo roteiro e pela direção: enfim, pacote completo!
Minha Cotação: * * * *
5 maio 2011
Blog do Rubens Ewald Filho
Reencontrando a Felicidade (Rabbit Hole, 10). Direção de John Cameron Mitchell. Com Nicole Kidman, Dianne Wiest, Sandra Oh, Aaron Eckhart, Miles Teller, Jon Tenney, Giancarlo Esposito. Paris Filmes. 91 min.
Foi a própria Nicole Kidman quem produziu este filme e chamou para a direção o ator e diretor John Cameron Mitchell, em seu primeiro trabalho de encomenda (até então, ele tinha se limitado a filmes ousados como o de sexo explícito Shortbus e a sua estreia no musical de rock Hedwig, Rock/Amor e Traição, de 2001). A escolha foi certa! Por seu excelente trabalho, Nicole foi perdoada pela crítica e colegas (que reclamavam abertamente do abuso de botox que deformavam seu rosto).
Teve indicações ao Oscar, Globo de Ouro, SAG, Independent Spirit (onde o filme teve três outras nomeações), e mais inúmeras organizações de críticos.
O filme é inspirado numa peça teatral montada na Broadway, em 2006, com Cynthia Nixon, que, pelo papel, chegou a ganhar um Tony, o que justamente chamou a atenção da estrela (o texto também ganhou o prêmio Pulitzer).
Embora não tenha sido sucesso de público (custou apenas US$5 milhões de dólares, mas não rendeu mais de US$ 2, 2 milhões), isso é compreensível, já que o filme se inscreve na linha recente do Oscar, de histórias tristes e trágicas, que poucos têm coragem de pagar para ver.
Conta uma história que lembram bastante outros filmes com temática parecida, como O Anticristo, Traídos pelo Destino (Reservation Road), num ciclo que parece ter se iniciado com o premiado O Quarto do Filho, de Nanni Moretti.
Aqui, Rebecca e Howie Corbette são casados e felizes, vivendo num subúrbio perto de Nova York, mas a vida deles muda quando Danny, o filho deles de quatro anos, é morto por um carro guiado por um adolescente. Ela larga o bom emprego de executiva e tenta se ajustar. Eles frequentam uma terapia de grupo de pessoas que passaram por situações semelhantes, embora a esposa rejeite o trabalho. Depois Howie continua a sair com uma das mulheres de lá, que adora fumar maconha e com quem tem uma breve relação (é a ótima Sandra Oh, de Grey’s Anatomy). Mas Rebecca acaba se aproximando do assassino do filho, um teen que gosta de desenhar e também está tendo seus problemas.
O título original se refere ao buraco do Coelho, de Alice no País das Maravilhas, mas também é o título que o rapazinho deu para a história em quadrinhos que está escrevendo.
Quando começa o longa, a criança já morreu, o que evita grandes lances melodramáticos (o público adora isso, mas os críticos têm repugnância, vá entender por que). E tudo começa já oito meses depois, quando o casal está tentando ir para frente, desalentado.
O resultado não é exatamente triste, mas procura ser sensível, delicado, discreto, mesmo sem fugir da raia. Não esqueça de que são anglo-saxônicos e reagem menos emocionalmente do que os latinos. O diretor, por sua vez, não cria, faz apenas um trabalho decente e limpo. Felizmente, Kidman perde a pose e deixa a interpretação fluir natural e convincente. Até parece gente de verdade.
FICHA TÉCNICA
Diretor: John Cameron Mitchell
Elenco: Nicole Kidman, Aaron Eckhart, Sandra Oh, Dianne Wiest, Jon Tenney, Giancarlo Esposito, Tammy Blanchard, Miles Teller, Mike Doyle, Patricia Kalember, Julie Lauren, Ursula Parker
Produção: Nicole Kidman, Per Saari, Gigi Pritzker, Leslie Urdang, Dean Vanech
Roteiro: David Lindsay-Abaire
Fotografia: Frank G. DeMarco
Trilha Sonora: Anton Sanko
Duração: 91 min.
Ano: 2010
País: EUA
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: Paris Filmes
Estúdio: Olympus Pictures / Blossom Films / Odd Lot Entertainment
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ResponderExcluirNunca diga que ninguém lê seu blog, hein! Vc viu quantos acessos? Tá bombando. Gostei bastante do filme também, mas não chega aos pés do Shortbus nem do Hedwig. Aliás, esse último acho que não vai sair nunca em dvd, né...
ResponderExcluirÉ verdade... Pena que não deixam comentários... Realmente, gostei mais do Shortbus, agora o Hedwig não lembro direito, preciso rever. Pois é, não saiu em DVD e a peça musical pelo jeito também nada de vir para Sampa. Obrigado pelo comentário, Lu.
ResponderExcluirAinda não assisti.. mas pelo que você escreveu irei ver com certeza!
ResponderExcluirBeijos!
Oi, Lili. Que legal, espero que você goste! Bjs.
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