François Ozon é um diretor francês de estilo bem diverso. Gostei muito de alguns filmes dele, como "O Tempo que Resta" e "Sitcom". Mas em cada filme ele busca um gênero novo. Aqui, o tema é sobre uma mãe e uma filha pouco convencionais, a filha parece mais madura que a mãe. O filme é bem construído e dirigido, principalmente no início que mantém um clima de suspense, no entanto fui ao cinema sabendo demais sobre a história. No final, uma das cenas pareceu destoar do realismo proposto no restante do filme. Mas mesmo assim, não prejudica e o filme propõe uma instigante mensagem.
Minha Cotação: * * *
RICKY
Heitor Augusto
http://cinema.cineclick.uol.com.br/criticas/ficha/filme/ricky/id/2704
François Ozon é um dos novos diretores franceses – apesar de ter apenas 43 anos de idade, já se vão 23 de carreira – que gosta de experimentar, geralmente trabalhando, dentro da comédia, uma situação absurda que surge de repente na vida de um personagem.
Mas, para embaralhar os rótulos – seja da crítica ou do mercado de cinema –, muda constantemente o registro de seus filmes. No início da década, tinha um estilo mais duro, como em Swimming Pool – À Beira da Piscina. Em meados dos anos 2000, experimentou o melodrama em Angel. No finzinho deste período, voltou à comédia dramática com Potiche.
No caso de Ricky, produção de 2009 que só agora chega aos cinemas brasileiros, temos dois filmes dentro um só. Ozon, que depois deste longa já realizou outros dois (O Refúgio, já lançado no Brasil, e Potiche, ainda inédito), sai de um estilo seco, realista e que flerta com o drama social para chegar a uma atmosfera fantástica, lúdica e metafórica.
Talvez seja essa mudança de registro o principal entrave na apreciação do filme. Ozon pega o volante e muda 180º o andamento da carruagem. O jeito é embarcar na surpresa e abdicar do realismo, pegar o ticket da viagem oferecida pelo diretor e imaginar.
É necessário conviver na perspectiva dos três principais personagens. Katie (Alexandra Lamy), uma mulher comum que trabalha como operária na indústria química. Lisa (Mélusine Mayance), sua filha de sete anos que por vezes é mais adulta que a mãe. No caminho das duas surge Paco (Sergi Lopez, ator que vai muito bem do tipo bom moço ao cafajeste), um imigrante espanhol que se engraça com Katie. Da relação nasce Ricky, um bebê extraordinário.
Quando a criança chega à cinzenta vida dessa família, tudo muda. Não entendam, porém, que se trata de uma jornada de aprendizado ou uma segunda chance de felicidade para Katie, Lisa e Paco. A chave de Ricky é a narrativa fantástica, muito bem-vinda para representar o quão fora do comum é a felicidade para essa família.
Não é o melhor que o prolífico François Ozon pode oferecer, mais ainda assim um filme prodigioso e com um certo encantamento quase infantil.
FICHA TÉCNICA
Diretor: François Ozon
Elenco: Alexandra Lamy, Sergi López, Mélusine Mayance, Arthur Peyret, André Wilms, Jean-Claude Bolle-Reddat, Marilyne Even, Véronique Joly.
Produção: Chris Bolzli, Claudie Ossard, Vieri Razzini
Roteiro: François Ozon
Fotografia: Jeanne Lapoirie
Trilha Sonora: Philippe Rombi
Duração: 90 min.
Ano: 2009
País: França/ Itália
Gênero: Comédia Dramática
Cor: Colorido
Distribuidora: Califórnia Filmes
Estúdio: Eurowide Film Production / FOZ / BUF / Teodora Film / France 2 Cinéma
Classificação: 12 anos
Quando eu assistí "Swimming Pool" não tinha curtido... mas hoje em dia até acho de boa! Hioj em dia vc encontra (raramente) crianças que nascem com um conhecimento diferente das crianças comuns. Até parecem adultas, como se tivessem um caráter totalmente formado mesmo que ainda tenha 3 anos ou coisa assim... estranho auahuhau!
ResponderExcluirOi, Mimi. O "Swimming Pool" eu não assisti. Esse diretor é bem diferente, ele inventa umas coisas muito inusitadas nos filmes dele. Às vezes provoca mesmo uma estranheza, mas acho que vale pela originalidade, coisa rara de encontrar hoje em dia nos filmes...
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