17 de abr. de 2013

Uma História de Amor e Fúria


Animação brasileira tem roteiro e animação de qualidade, mas se destaca mesmo pela importância de sua temática
"Viver sem conhecer o passado é viver no escuro"

por Fábio Pastorello

O filme "Uma História de Amor e Fúria", de Luís Bolognesi, infelizmente parece não ter encontrado seu público. O filme teve público pequeno até o momento, cerca de 19.000 espectadores. Só para citar o exemplo de um lançamento do cinema recente, o filme "A Busca", com Wagner Moura, já conseguiu 345 mil espectadores. Enfim, é certo que por ser uma animação, o público é menor, mas o filme merecia repercussão maior. É interessante notar ainda a rejeição que o filme provoca, não sei se pelo fato de ser uma animação, ou de ser brasileiro, ou se pelo tema indígena (que encontrou também certa rejeição no recente "Xingu", cuja bilheteria ficou aquém do esperado). Novamente, uma pena.

Em entrevista, Bolognesi (também roteirista de "Bicho de Sete Cabeças" e "As Melhores Coisas do Mundo") afirma que o roteiro surgiu da vontade de unir dois assuntos queridos ao diretor: história do Brasil e história em quadrinhos. O fato de ter sido uma animação, deu mais liberdade para o roteirista escolher suas histórias sem pensar nas limitações de produção, uma liberdade bastante interessante para o cinema brasileiro. A liberdade de produção permitiu ao diretor e roteirista uma realização com bastante calma e sem pressão, que começou com uma pesquisa com historiadores e antropólogos em 2002.

Na primeira parte da história, o filme começa contando a história dos índios e da colonização do Brasil

A história atravessa vários séculos da história do Brasil, para contar a luta dos homens contra a opressão, no filme chamada de Anhangá (Deus indígena, senhor dos mortos). Para tanto, o roteirista escolheu lutas emblemáticas para o país, como a luta dos índios contra os colonizadores, dos negros contra os poderosos, dos revolucionários contra a ditadura e até uma luta no futuro, de rebeldes contra o capitalismo desenfreado, que tornou até a água uma mercadoria.

Em todas as histórias, o filme nos leva a um interessante e relevante questionamento sobre os heróis de nossa história. Em tempos em que nem sempre se pode confiar nos heróis (e vilões) que a mídia ou as instituições nos apresentam, nada melhor do que um filme que apresenta uma visão crítica sobre essas conclusões. A visão mais interessante refere-se à figura histórica de Duque de Caxias, patrono do exército brasileiro, e que foi transformado em estátuas e logradouros por aí, mas no filme é o responsável pelo fim de um movimento popular, a Balaiada. O movimento é retratado na segunda parte do filme, e as figuras de herói (Duque de Caxias) e vilão (o Balaio, líder do movimento) são questionadas.

A revolução da Balaiada, ocorrida no Maranhão, também é retratada e nos leva a questionar
quem são os heróis e vilões da história do Brasil

Mas a trama mais interessante do filme é justamente no futuro do Brasil, quando o país é governado por um presidente evangélico, o Rio de Janeiro é controlado por milícias particulares e a cidade se verticalizou, sendo que na parte baixa a água está contaminada pelo lixo industrial. Nesse cenário, um grupo tenta organizar uma ação pela democratização do acesso à água, que nesse futuro é comercializada.

No futuro do Brasil, uma cidade controlada pelas milícias, um país governado por um pastor
evangélico e a água virou artigo de luxo

O filme conta com a dublagem de Selton Mello e Camila Pitanga nos papéis principais, que vivem uma história de amor que atravessa as diversas fases da animação. As vozes dos atores, muito conhecidas, desligam um pouco o espectador da história, fazendo ele se lembrar a todo momento que são as vozes de atores famosos, mas essa escolha (que provavelmente visa alcançar um público maior) não prejudica o filme em demasiado.

"Uma História de Amor e Fúria" é um filme que merece ser visto e conhecido, tanto pelo excelente roteiro, tanto pelo fato de ser uma animação (realização não muito comum para o cinema brasileiro), mas principalmente porque é uma história atual e impactante, que olha tanto para o passado como para um possível futuro do Brasil, não muito difícil de acreditar.

A excelente animação "Uma História de Amor e Fúria", não perca

Avaliação: * * * * 1/2



5 comentários:

  1. o filme ficou otimo
    o fato de não ter atigindo o publico brasileiro e que eles não acreditam
    que possa existier filmes brasileiros bom, mas se vc esforsarem e
    continua criando mais animações brasileiras talvez eles percebam e
    começam a se interesar pelos filmes brasileiros, ACHO QUE VC DEVEM CRIAR
    HEROIS BRASLEIROS PORQUE OS.SUL AMERICANOS (EUA) CRIAVAM
    HEROIS PARA O POVO GANHA CORAGEM SE O PAIS TIVESE COM ALGUMA DIFICULDADE
    POR ISSO OS ESTADOS UNIDOS FOI VENCENDO CADA BAREIRA QUE TIVESE, AGORA E HORA DE MOSTRA O QUE O BRASIL TEM DE MELHOR NÃO MOSTRANDO O PIOR MAIS SIM O MELHOR
    CRIAM HEROIS BRASILEIROS SAEM UM POUCO DA REALIDADE E SEMPRE DIVUGUEM O SEUS TRABALHOS NE COMERCIAIS DE TV FALA SOBRE ESSA ANIMAÇÃO VAMOS DIZER INCENTIVA O PUBLICO BRASILEIRO A GOSTA DO TRABALHO FEITO AQUE NO BRASIL UM PAIS HONDE TODOS SÃO LIVRES

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  2. ficou otimo, o fato do publico brasileiro de não ter interesado e que ele não
    acreditam e filmes bons brasileiro,ACHO QUE VC DEVEM CRIAR MAIS E MAIS ANIMAÇÕES BRASILEIRAS HEROIS SERIES ANIMES ETC. PORQUE OS ESTADOS UNIDOS CRIAVAM HEROIS SE O PAIS ENTRAVA EM ALGUMA DIFICULDADE, E HORA DE NOS MOSTRARMOS O QUE TEMOS, SEMPRE IR DIVULGANDO AS ANIMAÇÕES FEITAS E INCENTIVANDO O PUBLICO A GOSTA DAS ANIMAÇÕES BRASILEIRA, E NÃO ESQUECEÇAM DE DIVULGAR NA TV COMEÇA A PASSAR NA TELEVIÇÃO TAMBEM, ASSIM TALVEZ O PUBLICO COMEÇA A GOSTA DO DESENHO E PARA DE RECLAMAR DE COISA QUE NÃO TAM NADA A VER COM O PAIS.

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  3. Pois é, as pessoas reclamam tanto das produções nacionais mas quando surge uma de qualidade, não prestigiam. Abs.

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