22 de nov. de 2011

Amores Imaginários


Seguindo o mesmo estilo de "Eu Matei minha Mãe", com algumas variações (as cenas em slow motion se mantêm, em que a câmera flutua atrás dos personagens, acrescidas de algumas novas de cenas sensuais super coloridas), o filme trata da rejeição amorosa e também da figura do sedutor, que seduz mas não quer nada com suas vítimas. Os atores estão muito bem e o filme é charmoso, embora os depoimentos nem sempre funcionem muito bem para construir o sentido do filme.

Minha Cotação: * * *


Os 3


Filme moderninho sobre personagens moderninhos vivendo num lugar moderninho, mas que tem seus momentos engraçados (principalmente graças aos dois velhinhos) e interessantes no jogo de verdade  e mentira que os personagens começam a viver. No triângulo amoroso rola até beijo gay, mas fica tudo um pouco na superfície o envolvimento entre os protagonistas. A leveza dá o tom.

Minha Cotação: * * *


16 de nov. de 2011

A Imprensa como Agente Provocador


INVASÃO DA USP
A imprensa como agente provocador

Por Raphael Tsavkko Garcia em 15/11/2011 na edição 668
Observatório da Imprensa

Durante a crise recente na Universidade de São Paulo (USP) – que se iniciou não com a prisão de três estudantes que fumavam maconha nas cercanias da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências sociais (FFLCH), mas com a chegada da PM na USP em caráter de clara provocação por parte do reitor João Grandino Rodas –, a mídia teve um papel fundamental na radicalização de posições tanto do lado dos estudantes quanto de boa parte da população, que não escondeu sua vontade de ver sangue jorrar durante a desocupação ordenada pela justiça.

É fato que a imprensa age propositadamente como agente provocador.

Mix Brasil 2011 - August


Um filme intenso sobre um triângulo amoroso, que nos deixa inquietos com as situações causadas por um ex-namorado, que resolve voltar a acaba interferindo no relacionamento de um casal prestes a morar juntos. O filme trabalha muito bem as questões que envolvem a relação, como a falta de respeito de um rapazes, o sofrimento de outro e o questionamento do solteiro, sobre entrar ou não em um relacionamento estável. Uma série de comportamentos dos protagonistas, levados pelos sentimentos envolvidos , deixou-me extremamente inquieto, já que eu agiria completamente diferente, mas pude entender que esse tipo de comportamento é bastante comum e possível de acontecer.

Além da história, a forma também é interessante, através de saltos no tempo com ações simultâneas dos personagens, embora o recurso pudesse ser melhor explorado e ter ainda mais função narrativa. Além disso, a ambientação de uma quente Los Angeles colabora ainda mais para a sensualidade do filme.

Minha Cotação: * * * *

14 de nov. de 2011

As Bolhas de Filtros


Sobre os filtros na internet e o perigo das pessoas começarem a viver em uma bolha, apenas convivendo com ideias e pensamentos que as mantêm em uma zona de conforto.


http://www.hsm.com.br/blog/2011/11/bolhas-de-filtros-ou-como-fazer-todo-mundo-pensar-igual/





Narrativas Fotográficas


Comecei mais um curso de fotografia. Dessa vez o nome da oficina é "Narrativas Fotográficas" com Karina Bacci, e pretende estudar algumas formas de contar histórias através de fotografias.

A primeira aula foi para um panorama da história da fotografia, desde o século XIX, quando foi inventada a caixa escura, que era um dispositivo que conseguia refletir uma imagem de fora para dentro da caixa. A invenção da fotografia possui vários possíveis autores: Niépcia, Daguerre, Talbot, Bayard e Hércules Florence. Só em 1888 foi inventada a câmera portátil, a partir daí todos nós, reles mortais, podemos levar nossas câmeras por aí e registrar os momentos da vida.

Behind the Gare Saint-Lazare
Henri Cartier Bresson, 1932
A fotografia é marcada por vários momentos. Num primeiro, ela representava uma maior liberdade para a pintura, que não precisava mais retratar a realidade como ela era (para isso, agora existia a fotografia), mas de fato fotografia e pintura sempre exerceram uma influência mútua.

De 1889 a 1910, o pictorialismo buscou, através de intervenções na fotografia (filtros, telas, luz e sombras), procurou dar um caráter mais artístico à fotografia, já que ela não era considerada arte. Depois disso, a fotografia direta conseguiu introduzir elementos como enquadramento, exposição e luz para definir o trabalho como artístico. Um dos grandes mestres da fotografia direta é Henri Cartier Bresson, que buscou registrar o "momento decisivo", ou seja, um ato espontâneo e único que pudesse ser fotografado. Na foto ao lado, por exemplo, Karina salientou aspectos da foto como o registro único do homem sobre a água, o reflexo na água e todo um jogo de espelhos, não somente na imagem refletida na água, mas também do movimento do cartaz que se assemelha com o homem e nas formas geométricas que se repetem.

Outras formas de arte fotográfica que surgiram foram a fotografia pura (geométrica, abstrata), as vanguardas (experimentalismo, dadaísmo), as fotografias subjetivas, o construtivismo (movimento russo que defendia a arte para todos) e o surrealismo (um objeto fora de lugar, provocando estranheza). Um dos maiores expoentes é Man Ray, que gostava de provocar essa inquietação. A foto abaixo, por exemplo, mostra uma pessoa adormecida segurando uma máscara. O eu adormecido, a máscara prevalece.

"Noire et Blanche" de Man Ray, 1926

"Escada" de Alexander Rodchenco, de 1930, obra que
dialoga com o cinema de Eisenstein de "O Encouraçado Potemkin"

Outros interessantes fotógrafos abordados foram Duane Michals e Abelardo Moreli, Francesca Woodman e Robin Rohde. No caso de Michals, por exemplo, o uso das fotosequências é adotado. A foto abaixo mostra um encontro casual entre dois homens na rua.

"Chance Meeting" de Duane Michals

Outro trabalho interessante, de Abelardo Morell, é a série "Camera Obscura". Nessa série, o artista cobriu janelas de quartos de hotéis com um plástico preto, deixando apenas um pequeno orifício por onde a luz entrava. Como uma câmera escura de antigamente, a imagem de fora é refletida para o interior da caixa preta, só que invertida. O resultado é bem interessante.


"Manhattan View Looking South in Large Room", 1996 de Abelardo Morell

"View of Central Park Looking North-Fall", 2008
Camera Obscura

I made my first picture using camera obscura techniques in my darkened living room in 1991. In setting up a room to make this kind of photograph, I cover all windows with black plastic in order to achieve total darkness. Then, I cut a small hole in the material I use to cover the windows. This allows an inverted image of the view outside to flood onto the walls of the room. I would focus my large-format camera on the incoming image on the wall and expose the film. In the beginning, exposures took five to ten hours.

Over time, this project has taken me from my living room to all sorts of interiors around the world. One of the satisfactions I get from making this imagery comes from my seeing the weird and yet natural marriage of the inside and outside.

A few years ago, in order to push the visual potential of this process, I began to use color film and positioned a lens over the hole in the window plastic in order to add to the overall sharpness and brightness of the incoming image. Now, I often use a prism to make the projection come in right side up. I have also been able to shorten my exposures considerably thanks to digital technology, which in turn makes it possible to capture more momentary light. I love the increased sense of reality that the outdoor has in these new works .The marriage of the outside and the inside is now made up of more equal partners.


O Palhaço



Um filme que se nota todo o esmero no roteiro, na direção, na fotografia, na direção de arte e na escolha e direção do elenco. Os enquadramentos, as composições, os figurinos, tudo contribui para uma experiência visual fascinante mas também emocionante. A história fala das dificuldades de um artista ao escolher o destino de sua vida (deve seguir ou não sua vida de palhaço) e também das dificuldades inerentes de suas escolhas. Um filme sem o "cinismo cético" do cinema de hoje em dia, que enche os olhos e o coração.

Minha Cotação: * * * * *

13 de nov. de 2011

Homofobia e Homossexualidade



CONTARDO CALLIGARIS

Homofobia e homossexualidade

Experiência mostra que indivíduos homofóbicos sentem excitação diante a de estímulos homossexuais

Desde o fim do ano passado, em São Paulo, assistimos a uma série de ataques brutais contra homossexuais ou homens que seriam homossexuais aos olhos de seus agressores.
No fim de 2010, por decreto da Presidência da República, foi estabelecida a finalidade do Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (parte da Secretaria de Direitos Humanos). 

Mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união entre pessoas do mesmo sexo como unidade familiar. Não me surpreende que uma explosão de homofobia aconteça logo agora, pois, em geral, o ódio discriminatório aumenta de maneira diretamente proporcional aos avanços da tolerância.

Mix Brasil 2011 - Meu Último Round e Ausente

Denso e instigante, "Ausente" transforma uma relação entre professor e aluno num constante jogo de suspense e tensão sobre o que irá acontecer. A história é envolvente, os atores estão muito bem e o final é arrebatador.

Minha Cotação: * * * *


Crítica: «Ausente» 
por André Gonçalves


http://www.c7nema.net/index.php?option=com_content&view=article&id=6736%3Aqueer-lisboa-2011-ausente-por-andre-goncalves

Mais uma edição do Queer, mais uma pedrada no charco a cargo de Marco Berger, que tinha já incendiado paixões e ódios no ano passado com o espantoso “Plan B”.

“Ausente” felizmente não é menos arrebatador. Da vingança infantil que se transforma em amor, o cineasta explora agora uma obsessão adolescente de um aluno pelo seu professor de educação física (Javier de Pietro e Carlos Echevarría, respectivamente, ambos magníficos), levada a novos limites, também com alguns requintes de malvadez – e culpabilidades humanas – pelo meio e pelo final. Contar mais é crime. Podemos dizer que Berger tem um olho para filmar corpos humanos e as suas imperfeições como poucos actualmente, e também para congeminar retratos de pessoas reais, saídas de uma Argentina sem modelos pré-formatados. Tal como acontecia em “Plan B”, o ritmo é lento, mas sempre insinuante, convidando sempre o espectador a acompanhar o que se vai passar, para depois lhe puxar o tapete, qual mágico a tirar coelhos da cartola. No final, uma coisa é certa: cada espectador sai com um filme diferente na cabeça, tal é a habilidade em desafiar percepções e incluir imensas ambiguidades em actos cruciais das personagens.

O realizador argentino é definitivamente uma das vozes mais interessantes que saíu do “cinema queer” dos últimos anos, uma que escapou efectivamente a rótulos “queer” - e ainda bem. De tal modo que se poderia perfeitamente imaginar um dos seus filmes num qualquer outro Festival, a ser visto por pessoas de qualquer credo, orientação sexual, identidade de género e “status” social. Estando contudo num Festival Queer, onde as expectativas são ligeiramente mais obtusas, o filme contou com uma recepção morna na sua primeira sessão, com muitas expectativas do público a saírem goradas. Para mim, “Ausente” arrisca-se a ser o filme mais memorável do certame deste ano, um filme a que atribuiria - sem hesitar - um prémio do palmarés. A ver vamos como correm os restantes 7 dias.


10 de nov. de 2011

Mix Brasil 2011 - Romeus


Um filme surpreendente, sobre uma menina que deseja mudar de sexo (FTM - Female to Male), mas que tem desejos por homens. Confuso, né? Por que ela quer mudar de sexo, se tem desejo por homens? No caso, a jovem é interpretada por um ator (mas uma escolha muito bem feita, pois o tempo inteiro fiquei na dúvida se era um ator ou uma atriz, ao contrário do novo filme do Almodóvar). O filme tem ótimas interpretações e uma história muito interessante que ajuda a entender que a transexualidade pode não ser simplesmente uma questão de desejo sexual, mas de satisfação com o próprio corpo.

Minha Cotação: * * * *

7 de nov. de 2011

A Pele que Habito


Almodóvar, como sempre, consegue surpreender com uma história absolutamente original (embora seja uma adaptação), cheia de intrigantes jogos psicológicos e de construção de personagem. Tentando colocar humor através de sua excentricidade característica (como em um personagem vestido de tigre, por exemplo) e um suspense mais maduro (talvez mais próximo de Hitchcock), ele parece flutuar entre os dois gêneros, embora sem atingir a excelência em nenhum deles. De qualquer forma, é louvável que ele saia de sua zona de conforto, como bem salienta a crítica do Cineclick abaixo. Mas também, por mais que gostemos dele, não dá para fechar os olhos para o que o filme tiver de pior, conforme a Neusa Barbosa do Cineweb identifica. De qualquer forma, o saldo para mim é como sempre, bastante positivo.

Minha Cotação: * * * *


3 de nov. de 2011

Amizade Colorida


Essa comédia romântica brinca um pouco com os clichês das comédias românticas. Seria interessante se o filme de fato embarcasse nessa brincadeira, mas ele fica apenas na superfície. De qualquer forma, o filme vale pelos diálogos afiados e pelo elenco, protagonizado pela ótima Mila Kunis (Cisne Negro) e por Justin Timberlake. 

Minha Cotação: * * *

O Céu sobre os Ombros

Assistido na 35a. Mostra Internacional de São Paulo, o filme ganhou vários prêmios no festival de Brasília, inclusive melhor filme. O filme funciona muito bem como estudo de personagem, no caso três personagens da vida real interpretando a si mesmos. O trabalho é perfeito, quase como se a câmera não estivesse ali, como se afinal eles não estivessem sendo filmados. No entanto, o filme não é tão bom como história, um pouco arrastado e talvez devesse contar com uma narrativa um pouco mais estruturada. Pesou mais para o documentário e pouquíssimo para a ficção. 

Minha Cotação: * * *

1 de nov. de 2011

Contágio



O filme funciona muito bem como thriller assustador, que mostra a propagação de um vírus letal. É surpreendente que eu não tenha desenvolvido alguns tipo de transtorno obsessivo após a projeção, depois de tantas cenas mostrando pessoas tossindo em lugares públicos ou tocando em corrimões ou objetos contaminados. O filme só não funciona como reflexão a respeito de uma situação como essa, já que não tem nenhuma crítica ao governo, nem às indústrias farmacêuticas, nem à exploração da mídia em casos de tragédias. Os personagens são mal desenvolvidos e ficamos com a impressão de que os atores foram mal aproveitados. Finalmente, a única crítica é para um blogueiro interpretado por Jude Law, que vira o vilão do filme, assim como o papel da internet, vista como um canal de propagação de informações não confiáveis. Como se pudéssemos de fato confiar nos jornais e na televisão.

Minha Cotação: * * *