Cartaz do filme "Os Miseráveis" |
Filme ganhador do Globo de Ouro de melhor musical/comédia é um emocionante filme de excessos
O cinema é uma arte que tem a possibilidade de reunir todas as outras. Ali estão unidas a fotografia, a música, a literatura, o teatro, a dança, a pintura, a moda, a cenografia, a tecnologia como expressão artística (através dos efeitos visuais, que também são um pouco de mágica, taí o nosso querido George Meliès que não nos deixa mentir), etc. Quanto mais artes a obra cinematográfica consegue reunir e harmonizar, maior o encanto que ela provoca em mim. No caso, "menos é mais" não é o meu lema predileto. Para confirmar essa tese, basta dizer que o excessivo, mas genial, "Moulin Rouge - Amor em Vermelho" de Baz Luhrmann, é um dos meus filmes prediletos de todos os tempos.
Por isso, fica fácil de entender porque algumas pessoas gostam tanto, e outras não, do musical "Os Miseráveis", adaptação de um musical da Broadway e de um livro de Victor Hugo. Tudo depende de como o público prefere essa mistura de influências ou as obras mais minimalistas. O cinema de hoje em dia tem espaço para tudo isso, e depois de assistir filmes sem nenhuma trilha sonora (como era a proposta da turma do Dogma 95 de Lars Von Trier), talvez cause estranhamento ver agora um filme absolutamente todo cantado, como é o caso de "Os Miseráveis".
Tom Hooper dirigindo uma cena do filme |
O filme conta a história de Jean Valjean (Hugh Jackman, indicado ao Oscar de melhor ator, excelente), um homem que cumpre sentença pelo roubo de um pão e uma vez livre e tendo reconstruído sua vida até virar prefeito, continua perseguido por um policial (Russel Crowe, péssimo cantor). Enquanto é perseguido, ele tenta criar uma menina, filha de Fantine (Anne Hathaway), uma ex-empregada de Valjean que torna-se prostituta e vive na miséria.
A primeira metade de "Os Miseráveis" é impecável, com cenas grandiosas e emocionantes, como a primeira cena em que Jackson e outros presos puxam um barco, alternando com cenas intimistas, na já clássica cena de Anne cantando "I Dreamed a Dream", canção mais famosa do musical, que somente por essa cena deve lhe render o Oscar de melhor atriz coadjuvante. A cena, embora aparentemente simples, levou 8 horas para ser gravada, de forma que Anne conseguisse atingir toda a emoção necessária.
Nessa alternância constante de realidade e fantasia, enquanto em alguns momentos Hooper opta por cenas grandiloquentes, em outros opta pelo registro da câmera próxima aos atores, como é o caso de Anne em "I Dreamed a Dream" ou de Samantha Barks em "On My Own", opção que dá mais força às músicas e suas interpretações. Seja qual registro Hooper escolha para cada situação, a emoção é garantida. Uma curiosidade é que Anne Hathaway já havia sido escalada para um musical famoso anteriormente, no caso para o papel principal de "O Fantasma da Ópera", mas teve que recusar por força de contrato com a Disney por causa de "O Diário de uma Princesa". Uma pena.
Outra curiosidade interessante é que todas as canções foram gravadas ao vivo, ou seja, com som direto. Dessa forma, enquanto o filme era filmado, as canções eram registradas simultaneamente, o que garante maior espontaneidade para as performances. O resultado nem sempre soa tão perfeito como uma gravação em estúdio, mas vale pela inovação e coragem dentro do gênero musical.
Hugh Jackman, transformado na primeira metade de "Os Miseráveis", em papel que lhe valeu sua primeira indicação ao Oscar |
É certo que "Os Miseráveis" provoca divisão de opiniões justamente por conta de suas escolhas, seja pelo excesso de cantoria, pela longa duração (isso porque o filme ainda foi cortado, mesmo assim ainda há alguns momentos um pouco cansativos lá pelo meio da projeção), pelo estilo de direção de Hooper ou por essa mistura de realidade e invenção que pode soar indigesta para alguns. No meu caso, o filme me conquistou plenamente, com diversos momentos de emoção e arrepios, e entra na minha lista de um dos melhores filmes do ano.
Cotação do Janela Indiscreta: * * * * 1/2
Gostei muito. Belas canções, ótimas interpretações, filme épico e grandioso.
ResponderExcluirEstava com saudades de um musical assim, com grandes pretensões, e que de fato as alcança.
ExcluirEu amei, muito embora não goste de musicais, mas o filme me conquistou.
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