22 de mai. de 2012

Dois Coelhos

CRÍTICA | FABIO PASTORELLO
O cinema que empolga mais do que desanima

"Dois Coelhos" aposta em efeitos visuais e numa trama engenhosa
por Fábio Pastorello

No Brasil, desde o surgimento de uma ideia até a finalização da produção de um filme, podem se passar muitos anos. As dificuldades na realização de um filme são enormes, e vão desde a captação de recursos até a distribuição. Imagine um filme ainda que envolve diversos efeitos visuais, um grande trabalho de pós produção e um roteiro que de tão engenhoso poderia beirar o confuso. Até a conclusão da realização do filme, é possível que a ideia original tenha se perdido em algum momento do projeto, e o diretor esteja finalizando aquele filme sem a mesma paixão com que concebeu sua ideia original.

Não é o caso de "Dois Coelhos" (2012). O filme de Afonso Poyart, diretor santista estreante no cinema, pode ser acusado de ser excessivo em suas invenções visuais ou repleto de influências estrangeiras, como no estilo cinematográfico de Guy Ritchie e Quentin Tarantino (entre outros diretores) ou no uso de trilha sonora internacional. Mas nunca será acusado de ser um filme morno.


Há muita paixão, seja na forma lúdica e envolvente como a história é contada (o roteiro não segue a ordem cronológica e é repleto de idas e vindas), seja no apuro visual (a direção de fotografia explora de forma hábil várias locações da cidade de São Paulo) ou principalmente no uso dos efeitos visuais (num trabalho de grande fôlego, praticamente inédito para o cinema brasileiro). Importante mencionar também o trabalho do elenco, protagonizado por Fernando Alves Pinto ("Terra Estrangeira"), mas também com destaque para Alessandra Negrini ("Cleópatra), Caco Ciocler ("Família Vende Tudo") e Marat Descartes ("Trabalhar Cansa"). Todos os elementos colaboram para a excelência do filme.

Para quem adota a máxima do menos é mais, talvez esse não seja o filme mais adequado. "Dois Coelhos" é um filme de excessos. Num tempo em que o cinema, em geral, desanima mais do que empolga (com medo de errar), Poyart anima por seus excessos e consegue entregar uma película em que a paixão pelo cinema e por seu projeto estão presentes em cada fotograma.


FICHA TÉCNICA

elencoALESSANDRA NEGRINI, CACO CIOCLER, FERNANDO ALVES PINTO,
MARAT DESCARTES, NECO VILA LOBOS, ROBERTO MARCHESE
NORIVAL RIZZO, THOGUN, THAÍDE, YORAM BLASCHKAUER,
ROBSON NUNES e participação especial de ALDINE MULLER
roteiro originalAFONSO POYARTdireção de fotografiaCARLOS ZALASIKfigurinoCAROLINA SUDATItrilha sonoraANDRÉ ABUJAMRA e MÁRCIO NIGROmaquiagemDOEL SAUERBRONN JRprodução de arteVIRGÍNIA RECCOsom diretoTIDE BORGES e LIA CAMARGOmontagemAFONSO POYART, ANDRÉ TOLEDO e LUCAS GONZAGAdesenho de somRODRIGO FERRANTEmixagemANDRÉ TADEUcoordenação de pós-produçãoMARCIO FAURERcoordenacão de efeitos digitaisCARLOS FAIA e GUS MARTINEZcoordenação de efeitos especiaisSÉRGIO FARJALLAmotion designerXICO DE DEUSassistente de direçãoJANAINA CABELLOprodução de elencoSCHIRLEY ALSAROprodução executivaANGELA FARINELLO, CHRISTIANO SENSI,
ROSANA ODA e VALÉRIA RAUCCI
produçãoAFONSO POYART e ANDRÉ POYARTdireçãoAFONSO POYART
























http://www.2coelhosofilme.com.br/


8 comentários:

  1. Sempre acreditei no cinema nacional e depois de ver 2 Coelhos tive a certeza dessa evolução. Filmaço!!

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    1. Claudio, pra gente que acredita no cinema brasileiro, ver um filme bem realizado e com ótima história é sempre bom!!! Abs.

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  2. Legal, e eu tava falando que Alessandra Negrini tinha sumido, lá vem ela, com força novamente. Curtí a crítica, espero ver brevementente esse. Tempos sem ir ao cinema, rs. Abraço!

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    1. Cleidson, na época do lançamento nos cinemas rolou um pouco de preconceito pelo filme ser de um gênero novo para o cinema brasileiro e também por usar trilha em parte estrangeira, entre outros. Mas é um ótimo filme, recomendo!

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  3. Oi Fabio, gostei da crítica, bem fundamentada. Na minha opinião faltou só dar uma sinopse para deixar o leitor mais curioso sobre o assunto do filme.

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  4. Fá, gostei da crítica! Concordo com Lu no sentido de dar uma pincelada na história, jogar os fios coloridos da narrativa no ar...
    Bjs

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    1. Legal, Ale. Eu fiz isso na revisão. Obrigado pela visita. Bjs.

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