Prometheus é um dos melhores filmes de ficção científica dos últimos anos. Apesar disso, o filme tem diversos pontos problemáticos.
O filme representa o retorno do diretor Ridley Scott à ficção científica, que no passado rendeu os excelentes "Blade Runner - O Caçador de Andróides" e "Alien - O Oitavo Passageiro". Inicialmente, é preciso advertir que qualquer expectativa desse filme relacionada ao filme Alien pode ser frustrada. Apesar de Prometheus ser algo próximo de um prequel (filme que antecede outro), Alien era um thriller de terror, enquanto "Prometheus" está mais próximo de questões científicas e filosóficas. Isso não é um demérito do filme, pelo contrário, o fato de não copiar a franquia já bem sucedida e optar por uma trama original é louvável. Mas infelizmente, não elimina aquela decepção de não encontrar em Prometheus, sequências de ação e terror tão inesquecíveis como as de Alien.
O filme leva vantagem em outros aspectos. Toda a questão sobre a origem dos homens e a questão religiosa são extremamente interessantes e conduzidas de forma instigante pelo filme. O personagem mais interessante é o andróide David (os andróides de Scott seguem um padrão alfabético: Ash, Bishop, Call e agora David), vivido por Michael Fassbender ("Shame"). Ambíguo, frio e com motivações desconhecidas, ele é um personagem que colabora de forma fundamental para as questões do filme.
A protagonista do filme, Elizabeth Shaw, vivida por Noomi Rapacce (do sueco "Millenium", em papel que originalmente seria de Charlize Theron), é uma cientista que escolhe acreditar nas coisas que quer acreditar. Uma cientista com fé. Religiosa, ela passa a maior parte do tempo do filme preocupada com seu colar de crucifixo. Por outro lado, ela é a personagem que mais se aproxima da Ripley de Sigourney Weaver, numa impressionante sequência de grande tensão. Mas o grande defeito é que a personagem não desperta empatia, e não se torna aquele personagem que o público torce por ele.
Charlize Theron, vivendo a executiva Meredith Vickers, também é uma personagem cheia de potencial, mal aproveitada. Outro personagem que seria fundamental, o cientista ateu Charlie Holloway, é prejudicado pela fraca interpretação de Logan Marshal-Green. Finalmente, Guy Pearce no papel do milionário Peter Weyland também não apresenta uma interpretação marcante no papel de um idoso à beira da morte. O papel inicialmente foi destinado a Max Von Sydow, mas como o personagem tinha uma cena como jovem (que acabou não entrando no filme, apenas num vídeo que promoveu o filme na internet), acabaram optando por Pearce.
Uma cena particularmente me irritou profundamente. Um biológo, diante de uma criatura desconhecida em um planeta estranho e em um cenário assustador, aproxima-se dela como se a criatura fosse um cachorrinho perdido. É apenas um exemplo de algumas cenas em que a ausência de verossimilhança fazem o filme beirar o ridículo.
Repleto de questões a serem respondidas, o filme as propõe mas não as desenvolve completamente. Talvez fique a cargo das continuações, já anunciadas por Scott. Melhor focar no que o filme tem de melhor: o espetáculo visual, composto pelo excelente trabalho de direção de arte, com cenários grandiosos e ao mesmo tempo assustadores (o designer H.R. Giger, do Alien original, retorna como consultor desse projeto), os efeitos visuais (é tudo bastante realista) e o clima de tensão constante, que se não atinge as grandes sequências de ação e terror da série Alien, pelo menos são responsáveis por manter o espectador preso à cadeira do cinema e sem desviar os olhos da tela para saber o que vai acontecer.
Cotação do Janela Indiscreta: * * * *
OUTRAS CRÍTICAS | RUBENS EWALD FILHO
Estreia – Prometheus
http://noticias.r7.com/blogs/rubens-ewald-filho/2012/06/14/estreia-prometheus/
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Felizmente este é o melhor filme de Ridley Scott desde seu apogeu. Tem uma excepcional direção de arte (parece que ele chamou novamente o designer H. R. Giger, que havia criado o inesquecível desenho do Alien “Xenomorpho” que ajudou a criar os aliens deste filme). Tem excelentes efeitos especiais, uma direção segura, suspense permanente, um ótimo elenco (depois entramos em detalhes) embora seu coração balance entre satisfazer as duas expectativas: a de fazer um filme mais profundo e mais sério do que a média do gênero e sem decepcionar os fãs jovens da série que esperam sangue, violência e monstros (e não vão se decepcionar).
FICHA TÉCNICA
Diretor: Ridley Scott
Elenco: Charlize Theron, Michael Fassbender, Noomi Rapace, Patrick Wilson, Idris Elba, Guy Pearce, Rafe Spall, Logan Marshall-Green, Kate Dickie, Sean Harris, Emun Elliott, Vladimir "Furdo" Furdik
Produção: David Giler, Walter Hill, Ridley Scott, Tony Scott
Roteiro: Jon Spaihts, Damon Lindelof
Fotografia: Dariusz Wolski
Trilha Sonora: Marc Streitenfeld
Duração: 126 min.
Ano: 2012
País: EUA
Gênero: Ficção Científica
Cor: Colorido
Distribuidora: Fox Film
Estúdio: Dune Entertainment / Scott Free Productions / Brandywine Productions
Classificação: 14 anos
Fabinhho, a Shaw é indestrutível!? kkkk
ResponderExcluirNé??? rs. Tem umas coisinhas no filme que é melhor a gente fazer vista grossa.
ExcluirEu adorei o filme e o personagem David é um dos robôs mais legais que já vi em toda história de robôs, só perdendo mesmo pro Marvin, o andróide deprimido do Mochileiro das Galáxias. Sinceramente acho os filmes da saga Alien divertidos e interessantes, mas a história é sempre aquilo... o bicho vai me pegar... Prometheus é bem mais inteligente, mas como o Fabio falou, realmente eles abusam um pouquinho de algumas cenas, mas uma certa comicidade também faz suavizar os sustos. Luguins recomenda!
ResponderExcluirA gente dá um desconto bem descontão porque o filme é bem envolvente e interessante... Como eu amo suspense, eu acho que o Alien tem cenas geniais nesse quesito.
ExcluirUm amigo do trabalho me falou uma coisa engraçada... Como o Pré-alien que sai da barriga da moça cresce e fica tão fortão sem nenhum tipo de alimento e em algumas horas? Quem sabe no próximo ele contrata um cientista de verdade pra ajudar no roteiro...
ResponderExcluirAh, sim... Faltou um roteiro mais científico e menos implausível.
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