James Franco, como Ginsberg, falando sobre seus pensamentos |
Allen Ginsberg é um dos poetas do movimento beat norte-americano. Se você assistiu recentemente o filme "Na Estrada", de Walter Salles, sabe quem são eles. Ginsberg aparece no filme de Salles, com o nome de Carlo Marx e interpretado por Tom Sturridge. A literatura beat, famosa pelas obras de Ginsberg, Jack Kerouac (autor de "On the Road", obra que inspirou o filme de Salles) e William S. Burroughs (autor de "Naked Lunch", também adaptado para o cinema por David Cronemberg e no filme de Salles interpretado por Viggo Mortensen), privilegiou uma forma de tentar retratar a realidade como ela é, sem pudores e procurando mostrar a liberdade, a loucura e o espírito errante de algumas pessoas. Leia mais sobre o autor em artigo da revista Cult.
Nesse filme de Rob Epstein e Jeffrey Friedman, os cineastas retrataram o poema e seu autor através de diversos recursos audiovisuais. Inicialmente, o filme possui um tom documental, trazendo trechos de entrevistas de Ginsberg interpretados por James Franco ("127 Horas"). Através desses trechos, conhecemos bastante sobre o pensamento do autor.
"... in the moment of composition I don’t necessarily know what it means, but it comes to mean something later, after a year or two, I realize that it meant something clear, unconsciously. Which takes on meaning in time, like a photograph developing slowly. Because we’re not really always conscious of the entire depth of our minds, in other words we just know a lot more than we’re able to be aware of, normally—though at moments we’re completely aware, I guess." Allen Ginsberg em Entrevista a Thomas Clark
Em outros momentos, trechos dos poemas são transformados em animação, desenhos que ilustram a obra do autor mas também a complementam, traduzindo através de imagens o poema Howl. Essas animações são um dos pontos fortes do filme, conseguem complementar e enriquecer os versos de Ginsberg, lidos por James Franco. Vejam uma das animações abaixo.
Em um terceiro nível, e talvez o mais interessante do filme, o poema Howl é levado a julgamento. Em 1957, o poema foi publicado e apreendido pela polícia, por ser considerado obsceno. O editor responsável pela publicação foi levado a julgamento. No julgamento, o poema é dissecado, para que seja decidido se ele possui relevância literária ou não, e se o autor poderia ter usado outros termos menos obscenos. Nesse ponto, o filme parte para uma instigante discussão, travada entre advogados e testemunhas, sobre como julgar a relevância de um poema e sobre a liberdade artística. Essa abordagem de um poema sendo julgado, ora defendido ora acusado, até o final onde se decidirá se ele é inocente ou culpado, é um dos pontos mais originais (e surreais) do filme.
Jon Hamm, da série de TV "Mad Men", faz o advogado de defesa do poema Howl |
Ginsberg e seu parceiro Peter |
Cotação do Janela Indiscreta: * * * *
FICHA TÉCNICA
Diretor: Rob Epstein, Jeffrey Friedman
Elenco: James Franco, Mary-Louise Parker, Jon Hamm, Jeff Daniels, Alessandro Nivola, David Strathairn
Produção: Gus Van Sant, Miles Levy, Jawal Nga
Roteiro: Rob Epstein, Jeffrey Friedman
Ano: 2010
País: EUA
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: Não definida
Fiquei curioso, parece bem interessante!
ResponderExcluirEnquanto assistia, achei que vc ia gostar. As animações são ótimas e o desejo de fugir dos padrões de Ginsberg são comuns a você.
ExcluirQue crítica ótima, Fábio! Vou assistir hoje se puder esse, parabéns!
ResponderExcluirObrigado, Cleidson. Esse filme tava na minha gaveta há algum tempo, essa semana 'desengavetei' e considerei uma ótima surpresa.
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