29 de abr. de 2012

Os Vingadores


Sabe quando você assiste um filme de super-heróis e no final da projeção fica aquela sensação de que o herói não foi bem aproveitado? Isso não existe em "Os Vingadores". Apesar de serem vários heróis reunidos, todos são muito bem trabalhados e todos têm momentos deliciosos de humor e ação. O filme conta com roteiro inspirado, que além de vários diálogos e situações engraçadas, também funciona quando precisa mostrar o heroísmo dos personagens. Praticamente todos os super-heróis duelam entre si e o final é sensacional. Realmente, um filme que faz resgatar nossa admiração pelos super-heróis, que tínhamos quando éramos crianças.

Minha Cotação: * * * * 1/2

27 de abr. de 2012

Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios

Admirável trabalho de direção de Beto Brant ("Os Matadores") e Renato Ciasca, que conduz uma história aparentemente banal, de forma inovadora. O que mais chama a atenção é o trabalho de direção de fotografia, através do uso da steadycam e de planos sequência, que resulta em imagens que parecem flutuar, se movimentando entre os personagens e as ações. Além disso, também merecem destaque a direção de arte (a composição da casa do protagonista Cauby é particularmente muito interessante) e a interpretação dos atores. Gustavo Machado está excelente e Camila Pitanga alterna entre diversos momentos com talento, em interpretação elogiada, embora para mim ela deixe a desejar em algumas (poucas) cenas. Não sei se gostei da interpretação do Gero Camilo ou não sei se gostei do personagem.

O problema do filme para mim parece ser o roteiro, apesar de escrito pelo prestigiado Marçal Aquino (li uma entrevista dele recentemente e gostei muito dele). Mas realmente não gostei de alguns diálogos e de algumas situações bastante clichês, sem contar de todas as intervenções sobre a situação ecológica no Pará, que não conversam com a história que está sendo contada. Ainda bem que no final do filme, a história dá uma guinada e se transforma de certa forma, que todo o filme cresce. O final é encantador, ainda mais porque a fotografia tem papel fundamental. 

Minha Cotação: * * * *

23 de abr. de 2012

Weekend


Dois personagens gays que acabam de se conhecer, passam o fim de semana entre momentos de sexo, drogas e muitos diálogos. Assim como os fascinantes "Antes do Amanhecer" e "Antes do Pôr-do-Sol", é através dos diálogos interessantes e fluidos que o filme "Weekend" consegue revelar tanto dos seus personagens e de forma tão natural. Colabora que os dois atores estejam ótimos, e os temas abordados sejam tão atuais, como a forma como os gays são aceitos na sociedade, como os gays se aceitam ou como lidam com relacionamentos.

Em determinado momento do filme, um dos personagens apresenta uma tese de que o momento em que duas pessoas estão se conhecendo é um momento em que elas não são quem elas realmente são (pois estão querendo impressionar o outro) nem quem elas gostariam de ser, mas algo entre esses dois estágios. É nesse universo complexo em que o filme mergulha, em dois personagens buscando esse equilíbrio entre ser ou parecer, seja para o outro ou seja até mesmo para a sociedade ou para os amigos e familiares. E no decorrer desses diálogos, iremos pouco a pouco descobrir essas essências e aparências, não só dos personagens, mas de todos nós. 

Nota: A crítica do New York Times faz um interessante panorama do cinema gay nos últimos anos.

Minha Cotação: * * * * 1/2

19 de abr. de 2012

Xingu


Os irmãos Villas-Bôas saem em busca de aventura, em busca de terras nunca antes visitadas. Mais tarde, esse prazer de ser desbravador não será tão agradável. O filme Xingu trabalha sobre esse tema, o do progresso versus a preservação da natureza, das culturas locais, dos índios. O progresso avança impiedoso eliminando as diferenças, os lugares intocados, as culturas e povos mais fracos. Como lidar com isso?

A trajetória desses irmãos é contada, desde seus aspectos mais humanos, até seus projetos mais nobres, como a tentativa de preservar os povos indígenas e a criação do Parque Nacional do Xingu. Num país como o Brasil, nada mais importante do que discutir justamente essa questão, a do confronto entre o progresso e a preservação. Pode existir ordem (e justiça) nesse progresso?

No meu caso, interessa ainda mais pelo contato constante que tive com lugares que conhecemos no Brasil. Lugares que visitamos numa primeira vez, e ao voltarmos, já não são os mesmos, ora descaracterizados, ora perderam o encanto natural. Não que eu venha aqui posar de defensor da vida selvagem, que eu gosto de conforto, admito, mas existem lugares que conseguem aliar o desenvolvimento local sem que ele interfira negativamente nos aspectos mais peculiares de um lugar.

Sobre o filme em si, além dos aspectos relevantes que aborda, infelizmente achei a narrativa um pouco truncada e não tão emocionante como poderia. Algumas cenas isoladas são impactantes, mas no conjunto fica aquém de uma obra empolgante ou genial. Mas de qualquer forma, é um grande filme, que merece ser visto.  

Minha Cotação: * * * *

13 de abr. de 2012

Espelho, Espelho Meu


Essa adaptação do conto de fadas da Branca de Neve até consegue divertir e encantar. A começar pela interpretação de Julia Roberts, que está ótima no papel de vilã. Ela tem as melhores cenas do filme. Mas o restante do elenco não deixa a desejar, todos em interpretações ora encantadoras ora divertidas. Lógico, melhor não esperar nada brilhante ou inteligente, é apenas um Shrek em live-action, com direção de arte e figurinos extravagantes e engraçados. Pelo menos não é esquisito como o Alice de Tim Burton. O diretor é indiano (o mesmo de "Imortais") e tratou de colocar uma cena de dança a la Bollywood no final do filme, isso foi um pouco difícil de aturar. Nada contra Bollywood ou as cenas de dança em filmes (que aliás eu adoro), mas essa pareceu fora de contexto. Se fosse um diretor brasileiro, talvez fosse um sambinha no final?

Minha Cotação: * * *

11 de abr. de 2012

Jovens Adultos


Depois de "Juno" e "Garota Infernal", dois ótimos roteiros de Diablo Cody, fiquei curioso para ver esse novo roteiro dela, dirigido por Jason Reitman ("Obrigado por Fumar"). Diablo escreve personagens bem atípicos, como é o caso desse filme, uma escritora de livros para adolescentes (o gênero chama-se "Young Adult" nos Estados Unidos, que também é o nome do filme) que ainda não cresceu na vida. O filme tem algumas boas situações, todas graças à boa interpretação de Charlize Theron (indicada ao Globo de Ouro por esse filme), e foge de vários clichês do cinema. Infelizmente, o filme é um pouco aborrecido em outros momentos, e o roteiro (indicado ao WGA - Writers Guild of America Award) não atinge todas as intenções a que se propõe.

Minha Cotação: * * * 1/2

9 de abr. de 2012

Shame


Filme instigante sobre assunto não menos polêmico: sexo. Para se ter uma ideia da polêmica, seguem dois artigos sobre o filme, ambos da Folha de São Paulo, um colocando que o filme foge do moralismo e outro que sua abordagem sobre a compulsão sexual associada à culpa ou à vergonha é uma ideia questionável. De qualquer forma, é uma discussão muito interessante, trazida por um filme de realização notável.

Desde a interpretação de Michael Fassbender (que também vi recentemente no também ótimo "Um Método Perigoso") e Carey Mulligan, ambos excelentes, a elementos como a trilha sonora, a fotografia ou a edição, o filme constrói um clima envolvente e aflitivo em relação ao seu protagonista. Seria problemático condenar o personagem por uma promiscuidade ou pelo desejo de sexo sem envolvimento emocional. O filme, no entanto, mostra um personagem que busca isso de forma tão contínua e insaciável, que acaba relevando outros aspectos da sua vida, como o profissional ou o sentimental. É uma situação comum, a de viver um prazer (não somente o sexo) tão intenso que ele acaba quase assumindo um caráter exclusivo, em detrimento de outros aspectos da vida.

Enfim, fora o tema que é realmente bastante polêmico, a realização do filme impressiona. Cenas como a do diálogo entre Brandon (o protagonista) e uma mulher com quem tem um encontro, são altamente reveladoras e cheias de significados. Igualmente excelentes são as cenas de sexo, sensuais mas ao mesmo tempo aflitivas, transmitindo ao público as mesmas sensações vividas pelo personagem. Enfim, um filme para ver e rever.

Minha Cotação: * * * * 1/2


6 de abr. de 2012

A Novela das 8


O filme, apesar de ter alguns bons atores e alguns momentos interessantes, peca no seu conjunto, uma vez que parece não ter acertado na opção de ser um thriller político. O roteiro parece ser o maior problema, o filme tem diálogos às vezes constrangedores. E torna-se interessante notar como os diálogos, dependendo da interpretação dos atores, podem se tornar críveis ou ridículos.

A parte boa fica por conta das interpretações de Claudia Ohana e Mateus Solano e de toda a subtrama do rapaz que é criado pelos avós sem conhecer os pais. O filme cresce nos momentos em que fica mais leve e divertido. No demais, toda aquela historinha de fugitivos da ditadura, ou do tema da escolha entre vida normal e vida de guerrilheiro político, já está demais desgastada e o filme não traz nada de novo ao tema. 

Minha Cotação: * * *

3 de abr. de 2012

Um Método Perigoso


Filme muito interessante, que conta um pouco da vida do psiquiatra Carl Jung e de seu relacionamento com Sigmund Freud. Interpretados com excelência por Michael Fassbender (Shame) e Viggo Mortensen (O Senhor dos Anéis), o roteiro consegue construir como o ser humano é contraditório, até mesmo esses profissionais tão prestigiados. Acho que o filme pende mais a balança para Freud do que para Jung, retratando com mais dedicação as fragilidades de personalidade de Jung do que de Freud. De qualquer forma, o filme apresenta um estudo intrigante sobre os mistérios do sexo, daquele jeito bem peculiar que David Cronemberg costuma desenvolver.

Minha Cotação: * * * *

1 de abr. de 2012

Fúria de Titãs 2


Para um filme cujo forte são os efeitos visuais, não se pode esperar muito da história. Dessa forma, fui sem nenhuma expectativa em relação ao roteiro (que aliás é muito fraco mesmo), mas somente para curtir as cenas de ação e os efeitos em 3D, e com essas pretensões, sai do cinema satisfeito.

Minha Cotação: * * *