Filme instigante sobre assunto não menos polêmico: sexo. Para se ter uma ideia da polêmica, seguem dois artigos sobre o filme, ambos da Folha de São Paulo, um colocando que o filme foge do moralismo e outro que sua abordagem sobre a compulsão sexual associada à culpa ou à vergonha é uma ideia questionável. De qualquer forma, é uma discussão muito interessante, trazida por um filme de realização notável.
Desde a interpretação de Michael Fassbender (que também vi recentemente no também ótimo "Um Método Perigoso") e Carey Mulligan, ambos excelentes, a elementos como a trilha sonora, a fotografia ou a edição, o filme constrói um clima envolvente e aflitivo em relação ao seu protagonista. Seria problemático condenar o personagem por uma promiscuidade ou pelo desejo de sexo sem envolvimento emocional. O filme, no entanto, mostra um personagem que busca isso de forma tão contínua e insaciável, que acaba relevando outros aspectos da sua vida, como o profissional ou o sentimental. É uma situação comum, a de viver um prazer (não somente o sexo) tão intenso que ele acaba quase assumindo um caráter exclusivo, em detrimento de outros aspectos da vida.
Enfim, fora o tema que é realmente bastante polêmico, a realização do filme impressiona. Cenas como a do diálogo entre Brandon (o protagonista) e uma mulher com quem tem um encontro, são altamente reveladoras e cheias de significados. Igualmente excelentes são as cenas de sexo, sensuais mas ao mesmo tempo aflitivas, transmitindo ao público as mesmas sensações vividas pelo personagem. Enfim, um filme para ver e rever.
Minha Cotação: * * * * 1/2
CRÍTICA | FOLHA DE SÃO PAULO
Sexólatras anônimos
Em "Shame", diretor Steve McQueen foge do moralismo ao abordar a compulsão por sexo
CÁSSIO STARLING CARLOS
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/31436-sexolatras-anonimos.shtml
"Hunger". "Shame".
Dois títulos assim ("fome" e "vergonha"), enxutos, foram suficientes para expandir o renome do artista visual britânico Steve McQueen para além do universo das galerias e das bienais.
Desde 1992, seus filmes experimentais já repercutiam. Mas foi em 2008, quando dirigiu "Hunger", premiado em Cannes e só exibido no Brasil em mostras, que os festivais e o público cinéfilo o identificaram como criador que não se deve perder de vista.
"Shame" estreou no Festival de Veneza de 2011 e abocanhou os prêmios de melhor ator para Michael Fassbender ("Um Método Perigoso", de 2011) e de melhor filme da Fipresci, entidade que reúne a crítica internacional.
O filme aborda o cotidiano de Brandon, um executivo nova-iorquino viciado em sexo. A entrada em cena de Sissy, sua irmã, introduz uma quebra na rotina feita de repetições e expõe um abismo.
Como em "Hunger", McQueen se serve do assombroso talento de Fassbender em parábolas sobre a fobia que nossa cultura tem da solidão.
Os dois longas oferecem, ao espectador disposto, o drama da dor vista como a sensação do indivíduo entregue a si mesmo e não disperso nas mil formas contemporâneas de se esquecer.
POLÍTICA E SEXO
Enquanto em "Hunger" o viés era a política, em "Shame", o foco é o sexo.
Naquele, a greve de fome de Bobby Sands, integrante do IRA (grupo nacionalista irlandês) que morreu na prisão em decorrência da determinação, funcionava como tema de uma encenação cuja intensidade encontra-se na redução ao elementar. A tragédia política se reconfigurava dentro dos limites impostos entre o corpo e a cela.
Em "Shame", a masturbação pela manhã, a caça no metrô, o consumo de pornografia no trabalho, a ficada após a happy hour, a pegação anônima num clube gay e as transas com prostitutas se sucedem numa repetição.
O tema da compulsão poderia gerar um enésimo tratado moralista sobre o consumismo, a perda do sentimento amoroso, a superficialidade dos vínculos ou a liberdade forçada como último efeito de uma revolução sexual que deu numa plenitude de experiências não raro associadas à sensação de vazio.
São questões sugeridas desde o título (vergonha, em português) até o desenho da culpa e do sofrimento seguido pelo roteiro de McQueen e da dramaturga Abi Morgan.
Porém, tal como em "Hunger", o aprisionamento emerge como uma camada mais profunda do que a ideologia puritana, refletida nas interpretações psicológicas que "Shame" pode gerar.
LINHAGEM
Em vez de justificar ou condenar moralmente seu personagem, as escolhas plásticas de McQueen trazem à tona o sentimento de estar preso.
O modo como o filme explora espaços e cenários evidencia um artista da linhagem de grandes, como Hitchcock, que se serve da geometria para mostrar o que falas e situações guardam como não dito ou interdito.
A valorização das linhas verticais dos prédios encerra os movimentos e olhares de Brandon da mesma forma que as grades e a exiguidade de uma cela. O corpo atlético do ator vestido como executivo no topo da civilização move-se pela cidade como fera que precisa se libertar.
Ao seu lado, a fragilidade de Sissy, personagem que Carey Mulligan entrega com passividade e agressividade, equilibra o jogo em que a solidão é tão mais forte quanto mais se está acompanhado.
SHAME
DIREÇÃO Steve McQueen
PRODUÇÃO Reino Unido, 2011
COM Michael Fassbender, Carey Mulligan e Nicole Beharie
ONDE Cine Livraria Cultura, Espaço Unibanco Augusta e circuito
CLASSIFICAÇÃO 18 anos
AVALIAÇÃO ótimo
CONTARDO CALLIGARIS
Sexo e vergonha
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/32647-sexo-e-vergonha.shtml
Os que consideramos maníacos sexuais são apenas os que praticam mais sexo do que a gente
IMAGINE ALGUÉM que acaba sua noite com um sexo rápido e intenso, em pé, embaixo de uma ponte, e eis que, uma vez em casa, ele entra na internet e transa virtualmente com uma stripper de site on-line.
Não há gozo que lhe baste: sempre sobra a vontade de mais uma vez, mesmo que seja se masturbando com esforço. Outra noite, depois de ter brincado pesado com uma moça num bar, ele se pega com um cara no labirinto de uma boate gay: na procura por mais sexo, vale tudo.
Mas cada rosa tem seus espinhos. O disco rígido do nosso jovem está repleto de pornografia, até no computador do escritório -o que é arriscado. E, sobretudo, ele está aflito: a vergonha o leva a jogar fora (periodicamente) os apetrechos de sua sexualidade fantasiosa, e ele sente culpa de não conseguir ser o irmão, o amigo -e, quem sabe, o namorado- que ele talvez gostasse de ser.
Se esse alguém pedir ajuda a um terapeuta, alguns colegas tirarão da manga o "diagnóstico" de sexo-dependência ("sexual addiction") e proporão o programa em 12 passos (ensinado nas especializações em sexo-dependência), para que o indivíduo aprenda a se controlar e a renunciar, ao menos em parte, ao sexo, que teria se tornado, para ele, uma espécie de droga.
Mesmo sem acreditar nos 12 passos, outros colegas concordarão com o diagnóstico e simpatizarão com o "óbvio" sofrimento do "sexo-dependente" -afinal, eles imaginarão, essa prática endemoniada do sexo "deve", no mínimo, aviltar o indivíduo aos seus próprios olhos.
Outros colegas ainda (e eu com eles), ao receber o pedido de ajuda de um suposto sexo-dependente, reagiriam de maneira diferente: não se preocupariam nem com as fantasias, nem com as práticas sexuais do paciente, mas com a culpa e a vergonha que as acompanham.
Eu também anunciaria ao paciente que não sei (ninguém sabe) disciplinar o desejo sexual; só posso, se ele quiser, tentar disciplinar a culpa e a vergonha que azucrinam sua vida e estragam seus prazeres.
Quem viu "Shame" (vergonha), de Steve McQueen, percebeu que nosso paciente hipotético se parece com o protagonista do filme.
Em cartaz desde sexta passada, "Shame" é, ao mesmo tempo, ousado e careta. Ousado, pelo retrato da procura sexual do protagonista (muitos, sem dúvida, se reconhecerão), e careta, porque essa procura parece ser necessariamente doentia, culpada e vergonhosa.
Concordo com Cássio Starling ("Ilustrada" de 16/3): o filme é ótimo, mas discordo do destaque do artigo, segundo o qual "McQueen foge do moralismo ao abordar a compulsão por sexo". Quem enxerga o desejo sexual do outro como uma patologia é sempre moralista. Em matéria de sexo, patologizar é o jeito moderno de estigmatizar e policiar (conselho: fuja de parceiros que acham você "doente").
McQueen (na mesma "Ilustrada") declarou que o negócio dele é desafiar as pessoas. Ora, apresentar um obcecado por sexo como um doente que sofre de vergonha e culpa, isso não é desafio algum -ao contrário, é a confirmação de um lugar-comum.
Um lugar-comum confirmado por psiquiatria e psicologia? Nem isso.
Certo, desde o século retrasado, a psiquiatria e a psicologia são regularmente chamadas a substituir a religião, que (digamos assim) cansou de ser a grande ordenadora e controladora do comportamento humano. No caso, a ideia da "sexo-dependência" surgiu nos anos 1970 -provavelmente, como reação contra o interesse "excessivo" pelo sexo durante a dita liberação sexual dos anos 1960.
Mas, sentindo talvez o bafo do moralismo, muitos psiquiatras e a psicólogos receberam essa categoria diagnóstica com desconfiança. Quem a adotou e promoveu foram a imprensa e o grande público (e isso bastou para que surgisse uma pequena indústria de clínicas, programas universitários etc.). Mas por quê, então, esse sucesso popular da "sexo-dependência", na qual McQueen parece acreditar?
Apenas uma constatação: a associação de sexo com vergonha e culpa é um bordão cultural muito antigo, no qual somos convidados a acreditar por todo tipo de poder. A exigência de domesticar o desejo sexual parece ser, aos olhos de todos, um pré-requisito básico de qualquer ordem social.
Além disso, há a eterna inveja dos reprimidos: como dizia Alfred Kinsey, em regra, os que consideramos doentes e maníacos sexuais são apenas os que praticam mais sexo do que a gente.
ccalligari@uol.com.br
@ccalligaris
FICHA TÉCNICA
Diretor: Steve McQueen
Elenco: Michael Fassbender, Lucy Walters, Mari-Ange Ramirez, James Badge Dale , Nicole Beharie, Alex Manette, Hannah Ware, Elizabeth Masucci
Produção: Iain Canning, Emile Sherman
Roteiro: Abi Morgan, Steve McQueen
Fotografia: Sean Bobbitt
Trilha Sonora: Harry Escott
Duração: 101 min.
Ano: 2011
País: Reino Unido
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: Paris Filmes
Estúdio: See Saw Films
Classificação: 18 anos
"Hunger". "Shame".
Dois títulos assim ("fome" e "vergonha"), enxutos, foram suficientes para expandir o renome do artista visual britânico Steve McQueen para além do universo das galerias e das bienais.
Desde 1992, seus filmes experimentais já repercutiam. Mas foi em 2008, quando dirigiu "Hunger", premiado em Cannes e só exibido no Brasil em mostras, que os festivais e o público cinéfilo o identificaram como criador que não se deve perder de vista.
"Shame" estreou no Festival de Veneza de 2011 e abocanhou os prêmios de melhor ator para Michael Fassbender ("Um Método Perigoso", de 2011) e de melhor filme da Fipresci, entidade que reúne a crítica internacional.
O filme aborda o cotidiano de Brandon, um executivo nova-iorquino viciado em sexo. A entrada em cena de Sissy, sua irmã, introduz uma quebra na rotina feita de repetições e expõe um abismo.
Como em "Hunger", McQueen se serve do assombroso talento de Fassbender em parábolas sobre a fobia que nossa cultura tem da solidão.
Os dois longas oferecem, ao espectador disposto, o drama da dor vista como a sensação do indivíduo entregue a si mesmo e não disperso nas mil formas contemporâneas de se esquecer.
POLÍTICA E SEXO
Enquanto em "Hunger" o viés era a política, em "Shame", o foco é o sexo.
Naquele, a greve de fome de Bobby Sands, integrante do IRA (grupo nacionalista irlandês) que morreu na prisão em decorrência da determinação, funcionava como tema de uma encenação cuja intensidade encontra-se na redução ao elementar. A tragédia política se reconfigurava dentro dos limites impostos entre o corpo e a cela.
Em "Shame", a masturbação pela manhã, a caça no metrô, o consumo de pornografia no trabalho, a ficada após a happy hour, a pegação anônima num clube gay e as transas com prostitutas se sucedem numa repetição.
O tema da compulsão poderia gerar um enésimo tratado moralista sobre o consumismo, a perda do sentimento amoroso, a superficialidade dos vínculos ou a liberdade forçada como último efeito de uma revolução sexual que deu numa plenitude de experiências não raro associadas à sensação de vazio.
São questões sugeridas desde o título (vergonha, em português) até o desenho da culpa e do sofrimento seguido pelo roteiro de McQueen e da dramaturga Abi Morgan.
Porém, tal como em "Hunger", o aprisionamento emerge como uma camada mais profunda do que a ideologia puritana, refletida nas interpretações psicológicas que "Shame" pode gerar.
LINHAGEM
Em vez de justificar ou condenar moralmente seu personagem, as escolhas plásticas de McQueen trazem à tona o sentimento de estar preso.
O modo como o filme explora espaços e cenários evidencia um artista da linhagem de grandes, como Hitchcock, que se serve da geometria para mostrar o que falas e situações guardam como não dito ou interdito.
A valorização das linhas verticais dos prédios encerra os movimentos e olhares de Brandon da mesma forma que as grades e a exiguidade de uma cela. O corpo atlético do ator vestido como executivo no topo da civilização move-se pela cidade como fera que precisa se libertar.
Ao seu lado, a fragilidade de Sissy, personagem que Carey Mulligan entrega com passividade e agressividade, equilibra o jogo em que a solidão é tão mais forte quanto mais se está acompanhado.
SHAME
DIREÇÃO Steve McQueen
PRODUÇÃO Reino Unido, 2011
COM Michael Fassbender, Carey Mulligan e Nicole Beharie
ONDE Cine Livraria Cultura, Espaço Unibanco Augusta e circuito
CLASSIFICAÇÃO 18 anos
AVALIAÇÃO ótimo
CONTARDO CALLIGARIS
Sexo e vergonha
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/32647-sexo-e-vergonha.shtml
Os que consideramos maníacos sexuais são apenas os que praticam mais sexo do que a gente
IMAGINE ALGUÉM que acaba sua noite com um sexo rápido e intenso, em pé, embaixo de uma ponte, e eis que, uma vez em casa, ele entra na internet e transa virtualmente com uma stripper de site on-line.
Não há gozo que lhe baste: sempre sobra a vontade de mais uma vez, mesmo que seja se masturbando com esforço. Outra noite, depois de ter brincado pesado com uma moça num bar, ele se pega com um cara no labirinto de uma boate gay: na procura por mais sexo, vale tudo.
Mas cada rosa tem seus espinhos. O disco rígido do nosso jovem está repleto de pornografia, até no computador do escritório -o que é arriscado. E, sobretudo, ele está aflito: a vergonha o leva a jogar fora (periodicamente) os apetrechos de sua sexualidade fantasiosa, e ele sente culpa de não conseguir ser o irmão, o amigo -e, quem sabe, o namorado- que ele talvez gostasse de ser.
Se esse alguém pedir ajuda a um terapeuta, alguns colegas tirarão da manga o "diagnóstico" de sexo-dependência ("sexual addiction") e proporão o programa em 12 passos (ensinado nas especializações em sexo-dependência), para que o indivíduo aprenda a se controlar e a renunciar, ao menos em parte, ao sexo, que teria se tornado, para ele, uma espécie de droga.
Mesmo sem acreditar nos 12 passos, outros colegas concordarão com o diagnóstico e simpatizarão com o "óbvio" sofrimento do "sexo-dependente" -afinal, eles imaginarão, essa prática endemoniada do sexo "deve", no mínimo, aviltar o indivíduo aos seus próprios olhos.
Outros colegas ainda (e eu com eles), ao receber o pedido de ajuda de um suposto sexo-dependente, reagiriam de maneira diferente: não se preocupariam nem com as fantasias, nem com as práticas sexuais do paciente, mas com a culpa e a vergonha que as acompanham.
Eu também anunciaria ao paciente que não sei (ninguém sabe) disciplinar o desejo sexual; só posso, se ele quiser, tentar disciplinar a culpa e a vergonha que azucrinam sua vida e estragam seus prazeres.
Quem viu "Shame" (vergonha), de Steve McQueen, percebeu que nosso paciente hipotético se parece com o protagonista do filme.
Em cartaz desde sexta passada, "Shame" é, ao mesmo tempo, ousado e careta. Ousado, pelo retrato da procura sexual do protagonista (muitos, sem dúvida, se reconhecerão), e careta, porque essa procura parece ser necessariamente doentia, culpada e vergonhosa.
Concordo com Cássio Starling ("Ilustrada" de 16/3): o filme é ótimo, mas discordo do destaque do artigo, segundo o qual "McQueen foge do moralismo ao abordar a compulsão por sexo". Quem enxerga o desejo sexual do outro como uma patologia é sempre moralista. Em matéria de sexo, patologizar é o jeito moderno de estigmatizar e policiar (conselho: fuja de parceiros que acham você "doente").
McQueen (na mesma "Ilustrada") declarou que o negócio dele é desafiar as pessoas. Ora, apresentar um obcecado por sexo como um doente que sofre de vergonha e culpa, isso não é desafio algum -ao contrário, é a confirmação de um lugar-comum.
Um lugar-comum confirmado por psiquiatria e psicologia? Nem isso.
Certo, desde o século retrasado, a psiquiatria e a psicologia são regularmente chamadas a substituir a religião, que (digamos assim) cansou de ser a grande ordenadora e controladora do comportamento humano. No caso, a ideia da "sexo-dependência" surgiu nos anos 1970 -provavelmente, como reação contra o interesse "excessivo" pelo sexo durante a dita liberação sexual dos anos 1960.
Mas, sentindo talvez o bafo do moralismo, muitos psiquiatras e a psicólogos receberam essa categoria diagnóstica com desconfiança. Quem a adotou e promoveu foram a imprensa e o grande público (e isso bastou para que surgisse uma pequena indústria de clínicas, programas universitários etc.). Mas por quê, então, esse sucesso popular da "sexo-dependência", na qual McQueen parece acreditar?
Apenas uma constatação: a associação de sexo com vergonha e culpa é um bordão cultural muito antigo, no qual somos convidados a acreditar por todo tipo de poder. A exigência de domesticar o desejo sexual parece ser, aos olhos de todos, um pré-requisito básico de qualquer ordem social.
Além disso, há a eterna inveja dos reprimidos: como dizia Alfred Kinsey, em regra, os que consideramos doentes e maníacos sexuais são apenas os que praticam mais sexo do que a gente.
ccalligari@uol.com.br
@ccalligaris
FICHA TÉCNICA
Diretor: Steve McQueen
Elenco: Michael Fassbender, Lucy Walters, Mari-Ange Ramirez, James Badge Dale , Nicole Beharie, Alex Manette, Hannah Ware, Elizabeth Masucci
Produção: Iain Canning, Emile Sherman
Roteiro: Abi Morgan, Steve McQueen
Fotografia: Sean Bobbitt
Trilha Sonora: Harry Escott
Duração: 101 min.
Ano: 2011
País: Reino Unido
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: Paris Filmes
Estúdio: See Saw Films
Classificação: 18 anos
imsagine, que uma mulher olha pela janela e se depara com michael fassbender pelado, ela tem um bloqueio sexual, para ela a visão desse homem sem roupa,lhe dá a mesma sensação de quando ela era pequena, e viu sua mãe e seu tio numa relação sexual, essa mulher que não gosta de intimidade de sexo, até onde ela não possa controlar controla o corpo desse homem, ela é uma mulher bonita os homens gostam dela mas ela usa outros homens para se relacionar com o homem nú preso no seu mundo, ela se permite ter prazer diante de uma exibição tão despudorada, ele se conectam, ele gosta de ser olhado por ela mas na vida real ela não pode ultrapassar a barreira da visão, esse é um extrato de um homem e uma mulher em terapia, que narra a história de outro casal de irmãos, que nem de longe tem o mesmo drama de brandom e Sissi, mas de perto são confrontados pela realidade negra da outa dupla, a irlanda católica que fora protegida da infância francesa de Ssasha e Quentin bretegny aparece nua sob o olhar reprimido dos irmãos, steve mcqueen não poupa Sasha e quentin, que tão pouco vão poupá-lo, eque deprezam essa Irlanda carnal que é uma mulher que não aceita mais ser reprimida por uma frança seca, essa visão cauda incomodo a dupla porém é o inicio da descoberta da sexualidade, eles não são iguais a Brandon e a Sissi, são distintos só que com os mesmos problemas.
ResponderExcluirInteressante, @nanna. O tema realmente é rico, há muito o que falar. Abs.
ExcluirSasha Bretegny tem como ambição, ser reconhecida como a Marianne, o famoso busto francês que representa ainda hoje um símbolo muito forte, porém com uma imagem um tanto quanto defasada, essa, ambição é frustrada diante do fato de ela não ser francesa o suficiente porém nem tudo está perdido, diante de seus dilemas com Shame, ela resolve junto com a sua entourage francesa incluindo o seu roteirista, e seu irmão que a convence a participar de um contra ataque a michael fassbender, que ela pode a vir a ser tornar uma marianne marginalizada dos fracos e oprimidos imigrantes argelinos, os estrangeiros residentes na França, com um sugestivo filme chamado the marianne, onde ela viverá Charlotte Corday, a assassina de Marat, um filme dirigido por um tal de Guillaume Canet, e atrilha sonora composta por seu irmão sadô.
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