O problema do filme para mim parece ser o roteiro, apesar de escrito pelo prestigiado Marçal Aquino (li uma entrevista dele recentemente e gostei muito dele). Mas realmente não gostei de alguns diálogos e de algumas situações bastante clichês, sem contar de todas as intervenções sobre a situação ecológica no Pará, que não conversam com a história que está sendo contada. Ainda bem que no final do filme, a história dá uma guinada e se transforma de certa forma, que todo o filme cresce. O final é encantador, ainda mais porque a fotografia tem papel fundamental.
Minha Cotação: * * * *
CRÍTICA | CINECLICK
EU RECEBERIA AS PIORES NOTÍCIAS DOS SEUS LINDOS LÁBIOS
O trabalho dos atores em Eu Receberia... está impecável. Num filme sustentado por seus personagens, a opção dos diretores de rodá-lo todo comsteadicam foi mais que acertada. Isto acaba criando para o filme não apenas uma linguagem, mas também galvaniza as interpretações, pois oferece a oportunidade ao ator de se entregar de uma maneira completa. Camila Pitanga e Gustavo Machado foram os maiores beneficiados por isso, transpondo para a tela a intensidade de seus personagens.
Interessante também na trama é Vicktor, interpretado pelo ator Gero Camilo. Amigo de Cauby, o personagem é imerso na sua paixão melancólica pela poesia e consumo de drogas e bebidas alcoólicas. Tem uma vida libertária para compensar as limitações de trabalhar como jornalista num local onde a imprensa está condicionada aos interesses dos poderosos da região. Sua trajetória, como a dos outros personagens, segue para uma situação limítrofe, que desenvolve no público uma expectativa pelo que estar por vir. E o que se descortina no horizonte, por vezes, contrasta com a beleza do local.
Ao longo do filme o espectador vai notar o uso constante do fade in / fade out para começar e terminar uma cena. Um artifício de edição meio em desuso no cinema atual, mas que em Eu receberia... é pertinente e ajuda compor a narrativa fragmentada, feita de flashs aleatórios da vida de seus personagens. É como se o filme se assumisse como tal, incapaz de abarcar a vida de alguém em sua totalidade. E assim temos uma sucessão de momentos a formar um quadro parcial destes personagens complexos e interessantes.
Eu Receberia as Piores Noticias dos seus Lindos Lábios tem suas falhas, como certa perda de ritmo no seu quarto final ou cenas que parecem sem razão de ser no contexto da trama. Ainda assim, trata-se de uma obra que cativa pela poesia de suas imagens e intensidade de seus personagens. Um bom drama centrado nas relações interpessoais que ganharia ainda mais se os diretores tivessem deixado de lado essa mania do cinema nacional de sempre querer levantar alguma bandeira.
CRÍTICA | FOLHA DE SÃO PAULO
Longa fascina por mistérios e pela entrega total dos atores
CRÍTICA | CINECLICK
EU RECEBERIA AS PIORES NOTÍCIAS DOS SEUS LINDOS LÁBIOS
Roberto Guerra
http://www.cineclick.com.br/criticas/ficha/filme/eu-receberia-as-piores-noticias-dos-seus-lindos-labios/id/2936
O novo trabalho dos diretores Beto Brant e Renato Ciasca transporta o espectador para uma cidade fictícia às margens dos rios Tapajós e Arapiuns, no Pará. A beleza da região, evidenciada no bom trabalho de fotografia do filme, é apenas o pano de fundo de uma história de amor. Nada açucarado ou com sabor de “felizes para sempre”. Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios é um filme de personagens densos, bem construídos e imersos numa trama conflituosa que transita pelos limites da paixão, traição, sexo e loucura, as palavras malditas que gravitam o amor.
Inspirado na obra do escritor Marçal Aquino e roteirizado pelo próprio, em parceria com Brant e Ciasca, o filme ainda aborda assuntos que estão presentes no cotidiano daquela terra, como a luta dos índios pelos direitos humanos, pela conquista da demarcação das terras, preservação dos rios e da extração de madeira. Era desnecessário, mas os diretores ao menos não deixaram a questão social ultrapassar os limites do discurso panfletário e, com isso, eclipsar a verdadeira trama do filme: o triângulo amoroso entre Lavínia, Cauby e Ernani.
Inspirado na obra do escritor Marçal Aquino e roteirizado pelo próprio, em parceria com Brant e Ciasca, o filme ainda aborda assuntos que estão presentes no cotidiano daquela terra, como a luta dos índios pelos direitos humanos, pela conquista da demarcação das terras, preservação dos rios e da extração de madeira. Era desnecessário, mas os diretores ao menos não deixaram a questão social ultrapassar os limites do discurso panfletário e, com isso, eclipsar a verdadeira trama do filme: o triângulo amoroso entre Lavínia, Cauby e Ernani.
Camila Pitanga, no melhor trabalho de sua carreira, é Lavínia, uma mulher que esconde um passado misterioso que o expectador conhece ao longo do filme. Ela é casada com o pastor Ernani (Zé Carlos Machado), que evangeliza uma comunidade na região e tem uma tórrida relação paralela com Cauby (Gustavo Machado), fotógrafo paulista de passagem pela região. Apresentados os personagens, o roteiro segue sem linearidade, pautado pelas inquietações estéticas e temáticas recorrentes na obra de Brant. No decorrer da trama, peças vão se encaixando aos olhos da audiência e conduzem a história para um final inesperado.
O trabalho dos atores em Eu Receberia... está impecável. Num filme sustentado por seus personagens, a opção dos diretores de rodá-lo todo comsteadicam foi mais que acertada. Isto acaba criando para o filme não apenas uma linguagem, mas também galvaniza as interpretações, pois oferece a oportunidade ao ator de se entregar de uma maneira completa. Camila Pitanga e Gustavo Machado foram os maiores beneficiados por isso, transpondo para a tela a intensidade de seus personagens.
Interessante também na trama é Vicktor, interpretado pelo ator Gero Camilo. Amigo de Cauby, o personagem é imerso na sua paixão melancólica pela poesia e consumo de drogas e bebidas alcoólicas. Tem uma vida libertária para compensar as limitações de trabalhar como jornalista num local onde a imprensa está condicionada aos interesses dos poderosos da região. Sua trajetória, como a dos outros personagens, segue para uma situação limítrofe, que desenvolve no público uma expectativa pelo que estar por vir. E o que se descortina no horizonte, por vezes, contrasta com a beleza do local.
Ao longo do filme o espectador vai notar o uso constante do fade in / fade out para começar e terminar uma cena. Um artifício de edição meio em desuso no cinema atual, mas que em Eu receberia... é pertinente e ajuda compor a narrativa fragmentada, feita de flashs aleatórios da vida de seus personagens. É como se o filme se assumisse como tal, incapaz de abarcar a vida de alguém em sua totalidade. E assim temos uma sucessão de momentos a formar um quadro parcial destes personagens complexos e interessantes.
Eu Receberia as Piores Noticias dos seus Lindos Lábios tem suas falhas, como certa perda de ritmo no seu quarto final ou cenas que parecem sem razão de ser no contexto da trama. Ainda assim, trata-se de uma obra que cativa pela poesia de suas imagens e intensidade de seus personagens. Um bom drama centrado nas relações interpessoais que ganharia ainda mais se os diretores tivessem deixado de lado essa mania do cinema nacional de sempre querer levantar alguma bandeira.
CRÍTICA | FOLHA DE SÃO PAULO
Longa fascina por mistérios e pela entrega total dos atores
PEDRO BUTCHER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Há aqueles filmes que impressionam por sua precisão e transparência e há outros, como "Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios", que fascinam por suas imperfeições e mistérios.
Nem adianta tentar se aproximar do novo longa-metragem de Beto Brant e Renato Ciasca pela cartilha do que hoje se convencionou ser o "bom cinema". Do ponto de vista dramatúrgico, o roteiro poderia facilmente ser rotulado de frouxo; do ponto de vista da imagem, não se vê na tela vestígio da estética publicitária dominante.
No entanto, eles promovem um mergulho singular na alma de seus personagens, ao mesmo tempo em que retratam, com originalidade, o ambiente que os cerca.
A história básica, inspirada em romance de Marçal Aquino, está narrada de forma clara, mas sem amarras. Cenas mais longas se alternam a outras bem curtas, muitas vezes separadas pelo "fade", não pelo corte seco.
A câmera, fluida, acompanha os protagonistas de perto (mas sem histeria). Vez por outra, porém, se afasta para mostrar a paisagem em sequências que ganham um tratamento de cor singular.
Esses elementos estéticos, no entanto, só ganham sentido porque estão a serviço de um registro raro do trabalho dos atores. Gustavo Machado, como o fotógrafo Cauby, e Zecarlos Machado, como o pastor Ernani, estão muito bem, mas seria injusto não reconhecer a surpreendente interpretação de Camila Pitanga, absolutamente comovente como a mulher do pastor e amante do fotógrafo.
Linda e instável, sua Lavínia é digna de comparação à Mabel de Gena Rowlands em "Uma Mulher sob Influência", de John Cassavetes. São personagens poéticos, de espiritualidade profunda, que ganham carne e osso graças à entrega total das atrizes.
AVALIAÇÃO ótimo
Há aqueles filmes que impressionam por sua precisão e transparência e há outros, como "Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios", que fascinam por suas imperfeições e mistérios.
Nem adianta tentar se aproximar do novo longa-metragem de Beto Brant e Renato Ciasca pela cartilha do que hoje se convencionou ser o "bom cinema". Do ponto de vista dramatúrgico, o roteiro poderia facilmente ser rotulado de frouxo; do ponto de vista da imagem, não se vê na tela vestígio da estética publicitária dominante.
No entanto, eles promovem um mergulho singular na alma de seus personagens, ao mesmo tempo em que retratam, com originalidade, o ambiente que os cerca.
A história básica, inspirada em romance de Marçal Aquino, está narrada de forma clara, mas sem amarras. Cenas mais longas se alternam a outras bem curtas, muitas vezes separadas pelo "fade", não pelo corte seco.
A câmera, fluida, acompanha os protagonistas de perto (mas sem histeria). Vez por outra, porém, se afasta para mostrar a paisagem em sequências que ganham um tratamento de cor singular.
Esses elementos estéticos, no entanto, só ganham sentido porque estão a serviço de um registro raro do trabalho dos atores. Gustavo Machado, como o fotógrafo Cauby, e Zecarlos Machado, como o pastor Ernani, estão muito bem, mas seria injusto não reconhecer a surpreendente interpretação de Camila Pitanga, absolutamente comovente como a mulher do pastor e amante do fotógrafo.
Linda e instável, sua Lavínia é digna de comparação à Mabel de Gena Rowlands em "Uma Mulher sob Influência", de John Cassavetes. São personagens poéticos, de espiritualidade profunda, que ganham carne e osso graças à entrega total das atrizes.
AVALIAÇÃO ótimo
FICHA TÉCNICA
Diretor: Beto Brant, Renato Ciasca
Elenco: Gustavo Machado, Camila Pitanga, Zecarlos Machado, Gero Camilo
Produção: Renato Ciasca, Bianca Villar
Roteiro: Beto Brant, Renato Ciasca, Marçal Aquino
Duração: 100 min.
Ano: 2011
País: Brasil
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: Sony
Estúdio: Drama Filmes
Classificação: 16 anos
Belíssimo filme, gostei bastante, apesar dos exageros estéticos e esquisitices pseudo-artísticas.
ResponderExcluirEnfim, dos exageros estéticos eu até gostei, mas das esquisitices pseudo-artísticas não.
ExcluirÉ um filme 4 estrelas mesmo, assim como vc, achei q a nuance ecologica tem pouco fundamento na história e o excessos de fades out tb me incomodou. No todo, é uma obra boa de otima atuações.
ResponderExcluirAbração!
Vi uma reportagem no Canal Brasil que a equipe passou vários meses em imersão na região. Acho que eles devem ter tido um contato legal com o local e o pessoal de lá e quiseram inserir no filme, mas enfim, acho que ficou sobrando, mas nada que prejudique a beleza do filme.
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