Há algum tempo estou devendo uma crítica do meu filme predileto de todos os tempos, e que também deu nome a esse blog, o clássico de Alfred Hitchcock, "Janela Indiscreta". Escrevi esse texto como exercício para um curso de crítica que estou fazendo, então essa é apenas a primeira versão. Achei interessante colocá-la para depois avaliar como ficarão as próximas versões após o feedback do professor. Se você tiver algum comentário, sugestão, ou algo que não gostou ou que deveria ser mencionado, não deixe de comentar.
Minha Cotação: * * * * *
CRÍTICA | BLOG UMA JANELA INDISCRETA
Uma janela para o cinema
por Fabio Pastorello
Janela Indiscreta
(Rear Window, 1954)
de Alfred Hitchcock
L. B. Jefferies (James Stewart), o protagonista do filme, sofre um acidente durante seu trabalho como fotógrafo (todas informações que Hitchcock conta habilmente apenas através de imagens de objetos no apartamento dele). Imobilizado, ele encontra na vida dos vizinhos, observada através da janela de seu apartamento, o entretenimento para os próximos dias. Enquanto acompanhamos, junto com Jefferies, o que acontece com os vizinhos, também conhecemos um pouco mais de sua vida e de seu relacionamento com a encantadora Lisa (Grace Kelly).
Como bem retrata Hitchcock para François Truffaut no livro "Hitchcock/Truffaut Entrevistas", o homem que olha para fora, o que ele vê e como ele reage são três pedaços desse filme que representam "o que conhecemos como a mais pura expressão da ideia cinematográfica". Nesse papel de voyeur, que Truffaut salienta ser também nosso papel quando vemos um filme, Hitchcock irá contrapor o que acontece nesses três pedaços.
Inicialmente, temos o fotógrafo que namora Lisa mas hesita em se casar com ela. Em contraponto, a vida dos vizinhos lhe apresenta um painel de tipos e de relações com o casamento, desde os recém-casados até o marido que, suspeita-se, tenha assassinado a esposa. Por fim, temos todo um esforço desse fotógrafo para comprovar à namorada e aos amigos que houve realmente um assassinato, talvez uma derivação da necessidade de Jefferies comprovar sua tese de como os casamentos podem ser mal sucedidos. No entanto, quanto mais avança nessa investigação sobre o suposto assassinato, mais a esperta Lisa consegue aumentar sua cumplicidade com ele e provar que ela pode fazer parte do seu mundo.
Esses três pedaços que Hitchcock identifica caminham, afinal, de formas peculiarmente irônicas e divergentes. Quanto mais Jefferies avança no casamento problemático do vizinho, mais ele se envolve com sua potencial futura esposa. Como se o melhor conhecimento da vida dos vizinhos levasse Jefferies a também se conhecer melhor, não pelas semelhanças, mas justamente pelas diferenças. Como todos nós, ao vermos esse genial filme que traduz o que é a experiência do cinema, pensamos: será que passaríamos o dia observando a vida dos outros? Será que, como Jeff, procuramos nos outros comportamentos a corroborar teses que acreditamos? O quanto de nossas vidas foi construído justamente pelo contato com as vidas que observamos? O cinema é mesmo uma janela, não somente para o outro, mas também para nós mesmos.
Como bem retrata Hitchcock para François Truffaut no livro "Hitchcock/Truffaut Entrevistas", o homem que olha para fora, o que ele vê e como ele reage são três pedaços desse filme que representam "o que conhecemos como a mais pura expressão da ideia cinematográfica". Nesse papel de voyeur, que Truffaut salienta ser também nosso papel quando vemos um filme, Hitchcock irá contrapor o que acontece nesses três pedaços.
Inicialmente, temos o fotógrafo que namora Lisa mas hesita em se casar com ela. Em contraponto, a vida dos vizinhos lhe apresenta um painel de tipos e de relações com o casamento, desde os recém-casados até o marido que, suspeita-se, tenha assassinado a esposa. Por fim, temos todo um esforço desse fotógrafo para comprovar à namorada e aos amigos que houve realmente um assassinato, talvez uma derivação da necessidade de Jefferies comprovar sua tese de como os casamentos podem ser mal sucedidos. No entanto, quanto mais avança nessa investigação sobre o suposto assassinato, mais a esperta Lisa consegue aumentar sua cumplicidade com ele e provar que ela pode fazer parte do seu mundo.
FICHA TÉCNICA
Diretor: Alfred Hitchcock
Elenco: James Stewart, Raymond Burr, Grace Kelly, Wendell Corey, Thelma Riter, Judith Evelyn.
Produção: James C. Katz
Roteiro: John Michael Hayes
Fotografia: Robert Burks
Trilha Sonora: Franz Waxman
Duração: 112 min.
Ano: 1954
País: EUA
Gênero: Suspense
Cor: Colorido
Distribuidora: Paramount Pictures Brasil
Estúdio: Paramount Pictures / Patron Inc.
Classificação: 14 anos.
Em primeiro lugar, quero dizer que a crítica está muito boa, apesar de contar um pouco demais do filme... se alguém não viu ainda... você devia avisar que tem Spoilers! Pra mim esse é um grande filme, a pré-história do Big Brother, da nossa vontade de ver o que acontece na vida alheia e rever a nossa com outros olhos. Aliás, acredito que esse filme tenha alguma influência sobre sua vontade de fotografar... afinal o Fabio de hoje é o personagem principal de sua própria janela indiscreta. Pra mim a grande obra-prima do Hitchcock ainda é Um Corpo que Cai, que considero um roteiro quase perfeito. Que venham as novas versões da sua crítica!
ResponderExcluirOi, Luiz. Realmente, acho que exagerei nos spoilers. rs. Com certeza não somente esse filme, como minha paixão pelo cinema e pela fotografia, traduzem um pouco da minha personalidade, uma vontade de passar a minha vida a limpo através da arte, até às vezes dar uma melhoradinha. rs.
ExcluirFábio, gostei muito da crítica, eficaz e direta, além de leitura muito agradavel. Sem dúvida, Janela Indiscreta é um dos grandes momentos de Hitchcock, apesar do meu preferido ser Um Corpo que Cai, com esse logo em segundo. Aliás, fazer um top 5 desse diretor é uma dificuldade...
ResponderExcluirGostei de ver, espero ver vc exercitar mais esse lado.
Grande Abraço.
Obrigado, Celo. Também gosto muito do Vertigo, mas tenho uma ligação afetiva com o Janela Indiscreta, por ter sido o primeiro filme que vi do Hitchcock e justamente por considerar que ele traduz um pouco o que é o cinema pra mim. Opa, top 5 do Hitchcock é difícil mesmo, mas com certeza tem esses dois e "O Homem que Sabia Demais", que para mim tem a melhor sequência do cinema.
ExcluirPra mim você já escrevia críticas, aqui você aprofundou suas impressões, adicionou referências e como sempre, foi muito bem. Eu nunca vi Uma janela indiscreta, mas acho que nenhum texto que antecipe detalhes do filme consegue passar a experiência que vivenciamos assistindo, logo acho que spoilers realmente não estragam o filme (apesar de eu ter sempre a vontade de transcrever essa experiência, pois é o que eu considero mais válido num filme). Vou procurar este do Hitchcock, e parabéns pelo debut.
ResponderExcluirAcho que faltava um pouco o tom informativo, Cleidson, eu pulava direto para as impressões. Espero que tenha motivado você a assistir logo esse clássico, é imperdível. Abs e obrigado pelo incentivo.
ExcluirIncentivou muito! Estou construindo uma lista de filmes, mas to super enrolado, até hoje não consegui escrever um texto com coerência pra o blog, sobre o filme que me propus a postar. Mas já baixei esse, rs. Abração!
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