10 de set. de 2011

Medianeras


Um filme de roteiro divertido e inteligente, que traça um perfil da solidão e dos relacionamentos em uma cidade grande (Buenos Aires) e pelos novos meios tecnológicos (internet, celulares, etc.). Com isso, ele aborda várias questões de nosso cotidiano atual, com uma crítica bem humorada sem ser pedante ou aborrecida. E no fundo, é uma comédia romântica, com um final encantador.

Minha Cotação: * * * *



MEDIANERAS - BUENOS AIRES NA ERA DO AMOR VIRTUAL

Celso Sabadin

http://cinema.cineclick.uol.com.br/criticas/ficha/filme/medianeras-buenos-aires-na-era-do-amor-virtual/id/2783

Urbano, jovem, inspirado, atual, divertido, inteligente, charmoso. Sim, los hermanos argentinos, ainda que com coprodução espanhola, conseguiram de novo e realizaram mais um ótimo filme: Medianeras, que recebe o subtítulo (questionável? dispensável?) Buenos Aires na Era do Amor Virtual.

Com muito estilo, Medianeras foca toda a sua narrativa sobre duas solitárias almas portenhas: Martin (Javier Drolas), um escritor travado que detesta sair de seu pequeno apartamento, e Mariana (a bela espanhola Pilar López de Ayala, de Lope), recém-traumatizada pelo término de um relacionamento. Ambos moram na povoada e metropolitana Buenos Aires, mas sofrem de um dos maiores males do século: o isolamento. E sua consequente solidão.

Como diz Martin, “Há algo mais desolador no século 21 que não ter nenhum e-mail na caixa de entrada?”. Não se trata porém, como o subtítulo pode sugerir, de uma crítica à era virtual em que vivemos. O isolamento dos protagonistas parece ser muito mais um fruto da degeneração das relações sociais advindas do excesso de urbanização que propriamente um fenômeno deste período tecnológico. Uma solidão intrínseca, existissem ou não os computadores e a internet.

Talvez com uma ponta de inveja, talvez para melhorar nossa autoestima brasileira, vale dizer queMedianeras tem um certo toque de Jorge Furtado. Principalmente pela narração espirituosa e do bom texto que pontua toda a ação com saudáveis doses de sarcasmo e observações pertinentes. Como, por exemplo,”O que se pode esperar de uma cidade que dá as costas para o seu rio?”, numa ácida crítica à capital argentina.

Mas as comparações param por aí. O filme tem personalidade forte e própria, e acerta ao transformar o mau humor e a empáfia argentinos (nestes pontos eles se parecem com os franceses) em matéria-prima para a sua própria autoironia.

O filme é o desdobramento do curta homônimo realizado em 2005 pelo menos diretor (Gustavo Taretto, agora aqui estreando na direção de longas), com o mesmo ator principal, e muito premiado em festivais internacionais. Fazer do curta um laboratório para o longa funcionou: este novo Medianeras ganhou os Prêmios de Público da Mostra Panorama do Festival de Berlim e no recente Festival de Gramado.




FICHA TÉCNICA

Diretor: Gustavo Taretto
Elenco: Pilar López de Ayala, Inés Efron, Carla Peterson, Rafael Ferro, Javier Drolas, Adrián Navarro, Romina Paula
Roteiro: Gustavo Taretto
Fotografia: Leandro Martínez
Trilha Sonora: Gabriel Chwojnik
Duração: 95 min.
Ano: 2011
País: Argentina/ Espanha/ Alemanha
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: Imovision
Estúdio: Pandora Filmproduktion / Rizoma Films / Televisió de Catalunya (TV3) / Zarlek Producciones / Eddie Saeta S.A.



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